Egipto apresentou a "mais bem conservada" múmia de sempre

O sarcófago com 2300 anos foi descoberto em Saqqara, uma área que está a ser escavada há 100 anos

Uma equipa de arqueólogos apresentou ontem à imprensa internacional aquela que pode ser a "mais bonita" e "mais bem conservada" múmia alguma vez descoberta no Egipto, segundo o director do Conselho Supremo de Antiguidades Egípcias, Zahi Hawass. A múmia, com 2300 anos, deverá pertencer a um alto dignitário da 30ª dinastia (380-343 a.C.), a última a governar o território antes da ocupação persa, e foi encontrada em Saqqara, área 25 quilómetros a sul do Cairo e celebrizada pela pirâmide de degraus, a mais antiga das 97 identificadas até hoje.
"As areias revelaram talvez a mais bonita múmia alguma vez encontrada no Egipto", disse Hawass à agência Reuters, enquanto ajudava outros arqueólogos a abrirem o sarcófago de madeira que a protegeu durante mais de dois milénios. "Os antigos egípcios desenharam aqui algumas das mais bonitas cenas que já vi numa múmia", acrescentou, apontando para o interior da grande caixa descoberta pelos especialistas há já dois meses.
A múmia, cuja identidade não foi ainda determinada, tem uma máscara dourada e está coberta de desenhos, feitos sobre linho ou papiro, "imaculados".
Os elementos gráficos, que ainda conservam as suas cores brilhantes (azul, verde, vermelho, amarelo, laranja), representam diversos deuses, entre os quais Anúbis, protector dos mortos, e Maat, responsável por manter a ordem e o equilíbrio. É esta divindade que aparece de asas abertas. Do programa decorativo fazem ainda parte Hórus, o deus-falcão filho de Osíris, e os rituais de mumificação que, segundo Hawass, devem ter sido muito elaborados a avaliar pelo ouro usado para criar a máscara mortuária.
"Os artistas que fizeram esta múmia há mais de 2000 anos demonstraram o brilhantismo dos antigos egípcios, usando cores impressionantes", acrescentou o director do Conselho Supremo de Antiguidades Egípcias.
Saqqara, uma das secções mais importantes da grande necrópole de Mênfis, capital do Império Antigo, é escavada pelos arqueólogos há cem anos. Esta múmia foi descoberta mais precisamente na área de enterramentos do Rei Teti (faraó da 6ª dinastia que governou o território há 4300 anos), repleta de túmulos e de portas falsas que, segundo os antigos egípcios, eram usadas pelas almas dos mortos ao deixarem as suas sepulturas e templos.
Ao contrário da pirâmide de degraus, construída para o faraó Djoser (3ª dinastia) pelo arquitecto Imhotep, a pirâmide de Teti ruiu. Zahi Hawass garantiu ainda aos jornalistas que dentro de dois meses as autoridades egípcias deverão revelar a localização de outra das pirâmides perdidas de Saqqara. Para o director, é possível que os arqueólogos venham a descobrir mais múmias naquela área.
A múmia será agora sujeita a novos testes para que os egiptólogos possam determinar a causa da morte e reunir outras informações. Depois será entregue ao Museu de Imhotep, em Saqqara, onde ficará em exposição.

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