CDU concorre sozinha às eleições autárquicas

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Segundo Jerónimo de Sousa, os critérios e orientações do PS para as autárquicas comprometem quaisquer possibilidades de coligações Manuel de Almeida/Lusa

"Não será fácil, mas é um objectivo plenamente justo. A CDU tem um trabalho notável desde 1976 em Lisboa, que admite que tenha um capital de confiança para as próximas eleições", justificou Jerónimo de Sousa, na apresentação do programa eleitoral autárquico, que decorreu na sede do PCP-Lisboa.

"Os propósitos de hegemonia e de desvalorização dos conteúdos de projecto enunciados pelo PS no quadro da avaliação sobre Lisboa são bem elucidativos dos critérios e orientações que presidem aos objectivos do PS para as eleições autárquicas em todo o país e que comprometem por completo quaisquer possibilidades de coligações", criticou o líder o PCP.

PCP e PS não chegaram a acordo para reeditar a coligação de esquerda que tem vigorado em Lisboa desde 1989. De acordo com o PCP, dirigentes locais socialistas têm avançado com a possibilidade de entendimentos com os comunistas em algumas autarquias do país - como o Porto, Sintra, Cascais e Oeiras -, hipótese afastada por Jerónimo de Sousa.

O comunista Ruben de Carvalho, jornalista e organizador da Festa do Avante!, disputará a presidência da Câmara de Lisboa com o socialista Manuel Maria Carrilho e o social-democrata Carmona Rodrigues.

Fixando como objectivo geral para as eleições autárquicas de Outubro o reforço eleitoral da CDU, o líder comunista atacou o PSD e o PS por retomarem as suas propostas de alteração ao sistema eleitoral para as autarquias. "Propostas que, a concretizarem-se, constituiriam um golpe profundo na legitimação directa das populações, na democraticidade do poder local, nos mecanismos de fiscalização e controlo democrático do poder", afirmou o líder comunista.

As críticas aos "executivos camarários monocolores" foram partilhadas pelos representantes dos parceiros de coligação do PCP, José Luís Ferreira, do Partido "Os Verdes", e Corregedor da Fonseca, da Intervenção Democrática, presentes na sessão.

A proposta do PS prevê que o presidente da câmara eleito possa escolher o seu executivo camarário, pondo fim à eleição directa dos vereadores. Para Jerónimo de Sousa é "incontestável" que aquelas propostas "são um novo factor de empobrecimento da vida política e de partidarização sectária do poder local", considerando que diminuem o papel da oposição.

"Trabalho, honestidade e competência" é o lema da campanha da CDU para as eleições autárquicas de Outubro, que terá cinco objectivos programáticos: participação das populações na política autárquica; construção de espaços urbanos humanizados e ambientalmente equilibrados; defesa do interesse público da pressão especulativa e particular; valorização cultural e do associativismo; e a defesa da gestão pública da água.

A CDU candidata-se "ao conjunto dos órgãos municipais e aos maior número de freguesias, prestando particular atenção à presença de jovens e reforço do número de mulheres a eleger", afirmou, por sua vez, Deolinda Machado, da comissão coordenadora da coligação.