Xanana Gusmão acusa Igreja Católica de instigar manifestações
Em declarações à margem da Cimeira Ásia-África, que decorre em Jacarta, Xanana Gusmão disse que as manifestações no país são um sinal de que Timor-Leste é uma democracia, mas criticou os manifestantes por pedirem a demissão do primeiro-ministro, Mari Alkatiri.
"Congratulamo-nos com o facto de as pessoas estarem a chamar a atenção para os problemas, mas a mudança de Governo tem de ser feita de acordo com a Constituição", afirmou Xanana Gusmão. "Se não for assim, sempre que não se gostar de um primeiro-ministro, basta exigir a sua demissão", criticou.
"A Igreja está a organizar isto", afirmou Gusmão. "Se são assuntos religiosos, podemos aceitar. Mas se são motivos políticos, não aceitamos o envolvimento da Igreja nestas manifestações", concluiu Xanana Gusmão.
Para além de exigirem a obrigatoriedade do ensino de religião, os manifestantes também pedem justiça para as vítimas da onda de violência que assolou o país em 1999, quando duas mil pessoas foram mortas pelas milícias pró-Indonésia.
Mas as relações políticas e económicas entre Timor-Leste e a Indonésia floresceram desde a independência e os Governos dos dois países decidiram não acusar os responsáveis pela violência, optando por criar uma comissão com o objectivo de reconciliar os dois povos.