São Tomé a braços com uma epidemia de cólera pede ajuda a Portugal

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As autoridades portuguesas aconselham os viajantes a informarem-se dos riscos Tiago Petinga/Lusa

Um avião "com medicamentos destinados ao controlo e prevenção da doença" parte hoje para o território, fez saber o subdirector-geral da Saúde português, Francisco George. A bordo vai também uma investigadora do Instituto Ricardo Jorge, Maria João Simões, especializada na análise do agente da cólera, o vibrião colérico.

O vibrião é uma bactéria e a tarefa da investigadora no arquipélago será analisar a estirpe a que pertence.

A cólera é uma doença diarréica (que tem uma taxa de mortalidade inferior a um por cento quando devidamente tratada, mas que pode atingir os 50 por cento se tal não acontecer) endémica em vários países pobres do mundo.

As autoridades são-tomenses estão a tentar travar o surto. A venda nos passeios públicos de produtos alimentares de consumo directo foi proibida pela Câmara Distrital de Água Grande: hortaliças, pão, sal, açúcar, farinhas são alguns dos géneros que deixaram de poder ser comercializados ao ar livre.

Também foi interditada uma praia da capital onde desagua um rio que passa pelos bairros mais atingidos pela epidemia, segundo Gilberto Frota, delegado de saúde do distrito de Água Grande, em declarações à TSF. Teme-se agora que a doença alastre a outros pontos do país, escreve o Jornal de São Tomé e Príncipe.

Francisco George sublinhou que as autoridades portuguesas "não desaconselham" as viagens para São Tomé, "aconselham é que as pessoas se informem sobre os riscos", antes de partirem, por exemplo através da linha de saúde pública (808 211 311).

A toma da vacina contra a cólera também não está aconselhada "porque esta não assegura uma protecção total, mas dá uma falsa sensação de protecção, que pode levar as pessoas a não tomar as medidas de precaução necessárias" (ver caixa). Isto, para além de provocar reacções gerais de desconforto.

Controlo de passageiros para Portugal

Ainda de acordo com o subdirector-geral estão também a ser tomadas medidas em São Tomé de controlo de passageiros que têm como destino Portugal. No terreno está um médico português (no âmbito do quadro de cooperação com São Tomé) que trabalha em comunicação com a Direcção-Geral da Saúde.

"São prestadas informações a quem embarca, no aeroporto, e assegura-se que ninguém doente entra a bordo", explicou George, acrescentando que podem mesmo ser utilizados, quando há suspeita, métodos de quimioprofilaxia - medicamentos para prevenir doença ou contágio.

A última epidemia de cólera no arquipélago foi há mais de 15 anos.

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