Novo medicamento contra a tuberculose poderá surgir até 2010

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A tuberculose atinge cerca de nove milhões de pessoas em todo o mundo J. Mollison/OMS/Collors Magazine

Mel Spigelman, responsável pela área de investigação e desenvolvimento de novos medicamentos da organização, manifestou a sua convicção durante um encontro sobre o desenvolvimento de tratamentos para as doenças tropicais promovido ontem pela farmacêutica GlaxoSmithKline em Madrid.

Durante o encontro, Mel Spiegelman realçou que a doença possui um "peso económico de 16 mil milhões de dólares por ano", esperando-se que sejam apresentados em Maio os primeiros resultados de ensaios clínicos de uma nova substância.

"Se forem positivos, poderá haver um novo medicamento para a tuberculose antes de 2010", afirmou o médico, realçando que "não há um produto novo [para a doença] nos últimos 30 anos".

Na procura de novas substâncias contra a doença a Global Alliance for TB Drug Development encetou parcerias com várias organizações, entre as quais multinacionais farmacêuticas, para apoiar a investigação e desenvolvimento de novos medicamentos.

As designadas parcerias público/privadas para a investigação são um instrumento relativamente recente para apressar a criação de medicamentos para doenças que afectam principalmente os continentes africano, asiático e sul-americano, e que são consideradas "esquecidas" pelos países mais desenvolvidos.

Através das parcerias tem sido possível reunir investigadores e recursos que de outra forma dificilmente seriam aplicados nesta área, já que a investigação de novos medicamentos para estas doenças é condicionada por factores como a necessidade de se obter o preço mais baixo possível para a sua comercialização.

"Um dos benefícios das parcerias público/privado é que a tecnologia e o conhecimento estão quase todos no sector privado, e há que os captar", exemplificou Mel Spigelman, que frisou a necessidade de cativar mais recursos para estes projectos.

Chris Hentsschel, director da organização em Genebra, e também presente no encontro, procurou desmistificar a noção de que esta é uma "doença dos países pobres", lembrando que atingia a Europa e os Estados Unidos da América até há pouco tempo e que "13 Papas morreram de malária".

Doença infecciosa provocada por uma bactéria, a tuberculose atinge cerca de nove milhões de pessoas em todo o mundo, sendo fatal para cerca de dois milhões em cada ano.

A doença é actualmente encarada como uma patologia característica de países em vias de desenvolvimento, e atinge sobretudo o continente africano, mas continua a ter expressão na Europa. Portugal é o país europeu com a taxa de novos casos mais elevada.

Segundo os últimos dados da Direcção-Geral da Saúde, foram notificados no ano passado 33,7 novos casos de tuberculose por cada cem mil habitantes e a situação é "preocupante" nas grandes áreas metropolitanas de Lisboa, Porto e Setúbal.

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