Greve na RTP obrigou a "ajustamentos" na programação

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De acordo com o presidente do Sindicato de Jornalistas, nenhum jornalista está a trabalhar nas instalações da RTP em Lisboa André Kosters/Lusa

"A greve levanta problemas em áreas muito específicas que temos vindo a superar com alguns ajustamentos", afirmou Almerindo Marques, assegurando que "a administração vai fazer o essencial para que a empresa preste a sua função de serviço público".

Embora tenha dito que ainda não teve acesso aos números da adesão à greve convocada por três sindicatos - Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual e Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual -, o presidente da RTP admitiu que a situação obrigou à suspensão de um programa durante a manhã - o Bom Dia Portugal -, tendo justificado a decisão com o facto de a administração ter entendido "que não havia condições suficientes para a transmissão" do formato noticioso.

Embora também não adiante números, o presidente do Sindicato de Jornalistas, Alfredo Maia, garantiu à Lusa que a adesão na estação de televisão está a ser "maciça".

De acordo com este responsável, nenhum jornalista está a trabalhar nas instalações da RTP em Lisboa, sendo que apenas dois estão a assegurar a emissão do "Jornal da Tarde" no Porto.

Adesão que, segundo defendeu, representa uma "vitória histórica", até porque "levou a que os açorianos vissem, pela primeira vez, o canal 2, já que a emissão regional foi substituída pela do segundo canal".

Na RDP a adesão é "menor", como referiu o presidente do Sindicato de Jornalistas, chegando mesmo a ser "insignificante", segundo o responsável máximo da RTP.

A greve de três dias (até quarta-feira) foi convocada porque a administração se recusou a aceitar as alterações à proposta de novo Acordo Colectivo de Trabalho.

Em causa estão questões como as deslocações em serviço, que os sindicatos reinvidicam que sejam consideradas como tempo de trabalho, horários irregulares, laboração contínua e horários diferenciados, plano de saúde ou aumentos mínimos.

"Os efeitos notórios na emissão confirmam a justeza das reinvidicações", sublinhou Alfredo Maia, acrescentando que o dia de hoje será dedicado a várias concentrações à porta das empresas do grupo RTP.

Assegurando que a administração "nunca abandonou as negociações", Almerindo Marques adiantou que as conversações "não irão prosseguir sob greve ou ameaça de greve".

O presidente da RTP já tinha afirmado que o novo acordo colectivo de trabalho irá entrar em vigor ainda este mês "com efeitos retroactivos a partir de 1 de Março".