Seca extrema e severa atinge 80 por cento do território português
"Nesta primeira quinzena de Abril regressámos aos 80 por cento de seca extrema ou severa que tínhamos nos primeiros 15 dias de Março. Esta seca está a ser pior do que a de 1981 [a mais grave dos últimos 25 anos]", afirmou à Lusa o presidente do Instituto de Meteorologia, Adérito Serrão.
O relatório do Instituto de Meteorologia sobre a situação climatérica do país nos primeiros 15 dias de Abril indica que 56 por cento de Portugal está em situação de seca extrema (classe mais intensa) e 24 por cento em seca severa.
Em relação à última quinzena de Março, a situação agravou-se, uma vez que nessa altura a seca extrema atingia 24 por cento do território e a severa 28 por cento.
A situação de seca fraca não é registada em nenhum local do país, enquanto no final de Março ainda se registava em cerca de 26 por cento do território.
O relatório adianta que a primeira quinzena de Abril continuou a caracterizar-se por valores baixos da quantidade de precipitação, em particular nas regiões centro e sul.
A chuva acumulada entre 1 de Outubro passado e hoje indica que, em relação ao valor médio de 1961-1990, os valores são inferiores em 65 por cento à média de todo o território e menos 40 por cento em grande parte da região sul.
Segundo Adérito Serrão, uma análise a todas as épocas de secas do século XX permitem verificar que a falta de chuva tem vindo a ser mais frequente desde os anos 80 e, em especial, desde a década de 1990.
O relatório refere ainda que, segundo o Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo, as previsões para o trimestre de Abril, Maio e Junho indicam que "há tendência para a precipitação ser inferior ao normal nas regiões do sul".
Em relação à temperatura, a tendência indica que a média será inferior à normal nas regiões costeiras e será superior à habitual nas regiões do interior.
O relatório será apresentado à Comissão para a Seca 2005, criada em 31 de Março pelo Conselho de Ministros, e que se reúne hoje pela primeira vez.