Casa da Música: Sampaio critica processo "acidentado e nem sempre exemplar"
"A inauguração da Casa da Música tem de representar um virar de página. O caminho que nos trouxe aqui foi acidentado e nem sempre exemplo a seguir, com atrasos, polémicas malsãs, onde nem tudo foi rigoroso nem transparente e onde houve pessoas que injustamente ficaram pelo caminho", afirmou Jorge Sampaio.
Esta foi a única alusão, na cerimónia de inauguração da Casa da Música, ao processo que levou ao afastamento do pianista Pedro Burmester do cargo de responsável da programação, uma situação que já havia levado a críticas anteriores por parte de Jorge Sampaio.
Mais tarde, em declarações aos jornalistas, a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, disse concordar com as declarações de Jorge Sampaio, mas recorreu à expressão "hoje é dia de festa" para não responder a mais questões sobre o assunto.
Também o banqueiro Artur Santos Silva, primeiro responsável do Porto 2001, que lançou a Casa da Música, afirmou aos jornalistas que uma pessoa com as qualificações de Burmester "faz falta, tal como todos os que podem melhorar o processo".
Na sua intervenção, Jorge Sampaio disse ainda que "há que aprender com os erros cometidos, de modo a que se tirem daqui lições para o próprio futuro da Casa da Música".
O chefe de Estado disse esperar uma boa resposta da sociedade civil ao projecto da Casa da Música, nomeadamente do mecenato, mas salientou ser necessário haver credibilidade para que isso aconteça.
A ministra Isabel Pires de Lima disse que a figura jurídica da instituição está a ser estudada "em diálogo com a Câmara do Porto, Junta Metropolitana e representantes da sociedade civil" e considerou que "o futuro da Casa da Música depende essencialmente da cooperação entre público e privado".
"Consideramos, porém, indispensável que o Estado se reserve o direito de ter um papel determinante na estratégia global da Casa da Música enquanto serviço público", disse a ministra, que defendeu "uma cada vez maior participação autárquica e da sociedade civil nos custos de funcionamento" da instituição.
Isabel Pires de Lima defendeu que a Casa da Música tem agora de "assegurar uma programação à sua altura, que justifique o enorme investimento nela feito".
O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, considerou que a Casa da Música será, "a par da Torre dos Clérigos e das pontes pioneiras, por muitas gerações, uma forte marca de afirmação do Porto".