Chefe da Igreja Católica russa espera ver o próximo Papa em Moscovo

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Os analistas religiosos não prevêem relações fáceis entre o Vaticano e a Igreja Ortodoxa Russa Reuters (Arquivo)

“Sou um optimista intratável: estou convencido de que o Papa virá aqui e as nossas relações com a Igreja Ortodoxa Russa se irão desenvolver” – declarou Kondrucevicz numa conferência de imprensa em Moscovo.

Segundo ele, o facto de João Paulo II ter sido impedido de visitar a Rússia não significa que a visita do Papa Romano a Moscovo seja impossível de todo.

Essa viagem só poderá tornar-se possível com o consentimento da Igreja Ortodoxa Russa, que impõe duas condições ao Vaticano para que as relações entre as duas igrejas cristãs se normalizem: os católicos devem pôr fim à evangelização na Rússia e países vizinhos, que os hierarcas ortodoxos dizem ser seu “território canónico” e devem devolver os templos que os uniatas ucranianos (cristãos de rito oriental que reconhecem a supermacia do Papa) ocuparam nos anos 90 do século passado.

“Já dei mais de uma vez garantias de que não queremos realizar nenhum política de proselitismo” – sublinhou o arcebispo católico, sublinhando também que “não tem nenhum fundamento a opinião de que o Vaticano realiza uma política de “catolização” da Rússia”.

Tadeus Kondrucevicz mostrou-se convencido de que as relações entre católicos e ortodoxos se irão desenvolver: “O diálogo iniciado pelo Concílio Vaticano Segundo é o nosso programa. Não temos outra via. O Espírito Santo quer a unidade dos cristãos e nós somos instrumentos nas mãos dele. Estou convencido de que o diálogo vai continuar”.

O chefe dos católicos russos reconhece que, na Rússia, a Igreja Católica é “a Igreja da minoria, mas, não obstante, é uma Igreja de cidadãos russos que ajuda a sociedade no seu estabelecimento espiritual”.

Pelo seu lado, o Patriarcado de Moscovo da Igreja Ortodoxa Russa espera que o desenvolvimento das relações com os ortodoxos russos seja uma das principais tarefas do novo pontificado.

“No encontro com os cardeais Camillo Ruini e Walter Casper, o metropolita Kirill [que representou a Ireja Ortodoxa Russa no funeral de João Paulo II] manifestou o desejo de que o tema do desenvolvimento positivo das relações entre católicos e ortodoxos ocupe um dos lugares prioritários na política do Vaticano” – lê-se num comunicado do Patriarcado de Moscovo.

Porém, os analistas religiosos não prevêem relações fáceis entre o Vaticano e a Igreja Ortodoxa Russa.

“A Igreja Ortodoxa Russa, não obstante todas as palavras de pesar, mesmo que verdadeiras, dirigidas ao Vaticano, sonha, no fundo da alma, apenas com uma coisa: que a sua “Igreja-irmã” mais próxima [Igreja Católica] deixe em paz, durante algumas décadas, o seu rebanho. Ou seja, até que a Igreja Ortodoxa recupere as forças destruídas pelo regime soviético e possa concorrer, em pé de igualdade, pelas almas dos crentes” – considera Piotr Romanov, analista da agência noticiosa russa Rian-Novosti.

Romanov considera também que “qualquer sucessor de João Paulo II - conhecido pela sua luta insistente pelo ecumenismo e cuja influência pessoal era superior à influência da própria Igreja Católica – será bom para a direcção da Igreja Ortodoxa Russa se for mais fraco do que o anterior”.

“Então – conclui o analista – pode-se começar novamente a abordar com o novo Papa as numerosas questões polémicas e, sem avançar, ganhar tempo”.

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