Sócrates pede abertura do mercado espanhol em entrevista ao "El País"

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Para crescer, Portugal precisa de não repetir os erros do passado, como sacrificar tudo para controlar o défice público, diz Sócrates Tiago Petinga/Lusa

"Queremos que o mercado espanhol se abra" é a afirmação de Sócrates que dá título à entrevista de uma página, onde o chefe do Governo fala também do referendo sobre o aborto e promete levar adiante as decisões tomadas em cimeiras ibéricas, como a criação do Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL) e o projecto de ligação ferroviária em alta velocidade.

A insistência do chefe do executivo português na prioridade para o relançamento da economia portuguesa e a importância, para isso, do mercado espanhol é aproveitada para a chamada de primeira página, com a afirmação de Sócrates de que as três prioridades do seu Governo em matéria de política externa são "Espanha, Espanha e Espanha".

Reafirmando o que já dissera numa entrevista à agência de notícias espanhola EFE publicada ontem, o primeiro-ministro adianta que o equilíbrio comercial entre Portugal e Espanha é um objectivo do Governo português, dependendo este também de que as empresas portuguesas olhem mais para Espanha.

Para crescer, Portugal precisa de não repetir os erros do passado, como sacrificar tudo para controlar o défice público, diz Sócrates, que defende que o equilíbrio das contas públicas deve ser conseguido gradualmente.

A segunda metade da entrevista é dedicada a outros temas, com o primeiro-ministro a explicar que num Governo com 16 ministros só dois são mulheres porque há "um problema de participação das mulheres na vida política".

Sobre o referendo a legalização do abordo, adianta que já foi apresentada ao Parlamento a proposta de convocação, cabendo a decisão sobre a data ao Presidente da República, dando a mesma resposta à pergunta se continua a querer fazer coincidir o referendo sobre a Constituição Europeia com as eleições autárquicas.

Ainda no âmbito económico, Sócrates defende que todas as decisões tomadas em Cimeiras Ibéricas devem ser respeitadas, quando questionado sobre se vai cumprir o compromisso da criação do MIBEL, tal como acordado pelo anterior Governo, e se manterá o calendário e traçados para o comboio de alta velocidade entre os dois países.

O primeiro-ministro português escolheu Espanha como destino da sua primeira visita oficial ao estrangeiro e vai reunir-se, terça-feira, em Madrid, com o seu homólogo espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, e com José Maria Cuevas, presidente da Confederação Espanhola das Organizações Empresariais (CEOE).