Tóquio apresenta queixa formal à China por ter permitido agressão contra a sua embaixada

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A embaixada nipónica em Pequim foi ontem alvo de uma chuva de pedras, garrafas de plástico, tomates e ovos Michael Reynolds/EPA

O ministro japonês dos Negócios Estrangeiros, Nobutaka Machimura, convocou o embaixador da China em Tóquio, Wang Yi, depois de mais de dez mil manifestantes terem ontem apedrejado a missão diplomática nipónica.

Segundo a agência Kyodo, o chefe da diplomacia japonesa exigiu desculpas ao embaixador chinês, uma indemnização pelos estragos, segurança para os cidadãos japoneses e a promessa de que este tipo de incidentes não voltará a acontecer.

"A série de actos de vandalismo, não apenas contra a embaixada japonesa e contra a residência do embaixador, mas também contra empresas japonesas, converteu-se num problema sério", afirmou Machimura, que assegurou que não conseguiu contactar telefonicamente o seu homólogo chinês, uma vez que este estava fora do país.

Porém, já hoje, a China terá rejeitado a responsabilidade pela degradação das relações entre os dois países, acusando Tóquio de ser incapaz de apresentar de maneira "correcta" o seu passado colonial.

"Devemos sublinhar que a responsabilidade do estado actual das relações sino-japonesas não é da China", afirma o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, num comunicado publicado no site oficial do ministério. "O Japão devia tratar de forma correcta e séria as principais questões que têm a ver com os sentimentos do povo chinês como a história da invasão da China, a fim de promoverem a confiança mútua e manterem as relações bilaterais", acrescenta o comunicado.

A televisão estatal japonesa NHK mostrou imagens da fachada da embaixada, com inúmeros vidros partidos, depois de ter sido alvo de uma chuva de pedras, garrafas de plástico, tomates e ovos. Esta foi a maneira encontrada pelos manifestantes de expressarem o seu protesto contra a revisão dos manuais de história nipónicos, em que se minimiza as invasões e as atrocidades cometidas pelo Japão na China durante a II Guerra Mundial.

A manifestação, que partiu do bairro universitário, foi agendada via Internet e recebeu autorização do Governo chinês, que raramente dá aval a protestos populares. Aos gritos de “Abaixo o Japão” e “Boicotem os produtos japoneses”, entre dez a vinte mil pessoas marcharam entre a Universidade de Pequim e a representação nipónica na capital, numa distância de 15 quilómetros.

A manifestação em Pequim decorreu quatro dias após a publicação dos novos manuais de história japoneses, nos quais é omitida a palavra “invasão” quando se evoca a colonização nipónica do território chinês, na década de 1930, e se classifica de “incidente” o massacre de Nankin, em 1937, durante o qual o Exército imperial matou 300 mil militares e civis chineses.

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