O tapete turco de João Paulo II
Pierre Hapetian, dono da mais antiga casa de tapetes orientais ainda a funcionar na Península Ibérica e que ajudou o PÚBLICO a identificar este tapete, não tem dúvidas: “este tapete não é 99 por cento muçulmano, é 100 por cento muçulmano”. Para além das flores típicas da zona de Hereke, há estrelas e motivos celestiais a apontar para o centro, o centro do Universo: Alá. Quando confrontado com a imagem deste tapete, David Munir, o imã da Mesquita de Lisboa, revelou que há uma tapeçaria neste templo, também vinda da Turquia, muito parecida com a que os responsáveis pela preparação do funeral do Papa decidiram usar ontem.
O líder espiritual da comunidade muçulmana portuguesa acha curiosa esta escolha de um tapete turco para “pousar” a urna de João Paulo II.
Os tapetes de Hereke, uma região a 64 quilómetros de Istambul, eram feitos para cobrir o chão de palácios, mas também podiam ser usados para oração. Eram também uma das típicas ofertas dos sultões a outros monarcas ou chefes de Estado. Acredita-se que os tapetes desta região estejam na origem de muitos outros tapetes de oração tendo, inclusivamente, influenciado desenhos e inscrições de tapeçarias persas. A maior concentração de tapetes Hereke - mais de 30 – está no palácio de Topkapi, em Istambul.