João Paulo II sepultado na cripta da Basílica de São Pedro

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Milhões de pessoas no Vaticano, em Roma e em todo o mundo despediram-se hoje do Papa João Paulo II Giuseppe Giglia/EPA

No último adeus ao Papa, voltaram a ouvir-se prolongados aplausos, com milhares de fiéis a pedir a canonização imediata de João Paulo II, enquanto gritavam "Karol Wojtyla, Karol Wojtyla, Karol Wojtyla".

Os 12 homens que transportaram o féretro, seis de cada lado, subiram, compassadamente, as escadas da Basílica. Depois, já no topo, deram uma volta de 180 graus e os aplausos transformam-se num verdadeiro clamor que silenciou o tocar dos sinos. Às 12h40 e sem interrupção das palmas, que duraram longos minutos, o corpo entrou na Basílica.

Os momentos finais das cerimónias fúnebres, incluindo a colocação do caixão na cripta da Basílica de São Pedro, foram os únicos que não foram transmitidos em directo para os milhões de pessoas que, em todo o mundo, da Europa à América Latina, da Ásia ao Médio oriente, acompanharam as exéquias do pontífice.

Cerimónia marcada pelo apelo à canonização

O cardeal Joseph Ratzinger disse, no final da homilia na missa solene fúnebre do Papa, que João Paulo II "vê-nos e abençoa-nos".

Um longo aplauso assinalou o fim da homilia do cardeal Ratzinger e um grito elevou-se entre a multidão: "Que seja santificado já!".

"Nunca mais esqueceremos como, no último domingo de Páscoa da sua vida, o Papa, marcado pelo sofrimento, apareceu ainda à janela do Palácio Apostólico e deu pela última vez a bênção Urbi et orbi".

Podemos ter a certeza que o nosso Papa bem amado está à janela da casa do Pai. Vê-nos e abençoa-nos", afirmou Ratzinger antes de acrescentar: "Sim, abençoa-nos Pai Santo".

Na homilia, o decano dos cardeais, Joseph Ratzinger, afirmou que os sentimentos que reinam hoje são de tristeza total, mas também de alegre esperança e de profunda gratidão.

"Temos o coração cheio de tristeza, mas também de alegre esperança e de profunda gratidão. Este é o nosso estado de ânimo", afirmou o cardeal alemão, cujas palavras foram acolhidas com um forte aplauso por centenas de milhares de pessoas que estavam na Praça de São Pedro.

Força de vontade de Karol Wojtyla elogiada

Ao traçar um perfil do falecido Karol Wojtyla, o cardeal Ratzinger sublinhou os anos da juventude quando este era um entusiasta do teatro e trabalhava numa fábrica química, "cercado e ameaçado pelo terror nazi".

Recordou quando João Paulo II foi ordenado sacerdote, que fez para sempre e com toda a convicção, sublinhando que na frase "Como o Pai me amou, assim eu vos amo, os levo no meu coração" se vê toda a figura do Pontífice.

Ratzinger destacou que João Paulo II sempre procurou o encontro com todos, que teve capacidade de perdão e de abertura de coração.

O "nosso Papa - sabemo-lo todos - nunca quis salvar a própria vida e tê-la para si, sempre se entregou sem reservas, até ao último momento", sublinhou.

O decano dos cardeais também recordou as viagens (104) realizadas pelo Papa nos seus 26 anos e meio de Pontificado, sublinhando que se ao princípio era jovem e cheio de forças e no fim doente, sempre anunciou com intensidade o Evangelho.

"O Papa sofreu e amou em comunhão com Cristo e por ele a mensagem do seu sofrimento e do seu silêncio foi tão eloquente e fecunda", declarou.

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