Morte do Papa pode influenciar regionais italianas
A generalidade dos responsáveis políticos fez questão de registar o momento, optando por uma atitude discreta. Assim, o Presidente da República italiana, Carlo Azeglio Ciampi, após ter votado em Roma, dirigiu-se de imediato à Praça de São Pedro para participar numa missa e render homenagem ao chefe máximo da Igreja católica.
"É um dia importante, mas não pelo voto. Como toda a gente, vou recordar-me deste dia pelo que este homem, o Sumo Pontífice, fez pela História", declarou Piero Marrazzo, o candidato da oposição de centro-esquerda ao cargo de presidente do Lácio, a região de Roma.
A maioria de direita, do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, assegurava a presidência cessante do Lácio, mas agora prevê-se um cerrado confronto eleitoral nesta região, onde a vitória da oposição teria um enorme peso simbólico.
Este escrutínio, o mais importante teste político antes das legislativas previstas para Maio de 2006, foi relegado para segundo plano em termos de impacto mediático devido à morte de João Paulo II. Na perspectiva dos analistas, uma fraca participação eleitoral poderá constituir uma vantagem para a oposição, que em princípio possui um eleitorado mais politizado e mobilizado.
Das 14 regiões onde decorrem as eleições, oito estão controladas pela coligação de Berlusconi e as restantes pelo centro-esquerda, mas as mais recentes sondagens indicavam que a oposição poderia retirar à direita quatro dos seus bastiões. No entanto, o desaparecimento de João Paulo II poderá motivar reacções ainda imprevisíveis. "É muito raro que um único acontecimento possa ter um impacto tão profundo nas escolhas políticas e eleitorais dos cidadãos. Mas a morte do Papa é infelizmente um desses acontecimentos", referiu a propósito Renato Mannheimer, analista do diário "Corriere della Sera".
As assembleias de voto abriram ontem às 08h00 locais (07h00, em Lisboa) e deveriam encerrar às 22h00. Hoje, reabrem uma hora mais cedo, para fecharem em definitivo às 15h00 (hora local).