Atenas 2004: IAAF recorre das absolvições de Kenteris e Thanou

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Kenteris, Thanou e Tzekos a serem acusados pela justiça grega Anja Niedringhaus/EPA

“O conselho de revisão antidopagem concluiu que esta decisão é errada e a IAAF irá levar os casos dos dois atletas perante arbitragem no TAD. A decisão do TAD será definitiva”, anunciou o organismo internacional em comunicado, já depois de a Agência Mundial Antidopagem ter afirmado que estava preparada para recorrer das absolvições dos “sprinters” gregos caso a IAAF não o fizesse.

Longa novela

A polémica à volta de Kenteris e Thanou começou na noite que antecedeu a inauguração do maior evento desportivo mundial, quando um oficial antidopagem do Comité Olímpico Internacional (COI) se deslocou à Aldeia Olímpica para efectuar controlos surpresa. Ambos os velocistas estavam ausentes, contrariamente ao que tinham informado as autoridades, conforme obrigam os regulamentos. No dia seguinte, a confusão adensou-se ainda mais com a notícia de que os “sprinters” tinham sofrido um acidente, quando tentavam voltar aos seus aposentos, e estavam internados num hospital.

Perante a pressão do COI, Kenteris e Thanou desistiram de participar nos JO, levando a que o processo passasse para a jurisdição da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF). Em Dezembro, este organismo processou disciplinarmente os atletas gregos por terem inviabilizado controlos extra-competição em Telavive, Chicago e Atenas, ausentando-se com antecedência dos locais de treino, e remeteu os processos para a federação grega (Segas). O treinador dos atletas, Christos Tzekos, foi ainda acusado de “distribuição e assistência ao uso de substâncias proibidas e interferência no processo de controlo antidopagem”.

Finalmente, a decisão da federação helénica foi anunciada no dia 17 de Março, sexta-feira. “A acusação de recusa sem explicação a submeter-se a testes ‘antidoping’ não ficou provada. Era impossível que Kenteris fosse notificado para comparecer ao teste. O mesmo se aplica a Thanou”, afirmou Kostas Panagopoulos, chefe do painel disciplinar que avaliou o caso, explicando o porquê de as culpas terem sido imputadas ao treinador: “De acordo com a nossa decisão, nenhum dos atletas é culpado de qualquer das acusações. Não há qualquer prova de que eles tenham sido notificados. Tudo indica que a cadeia de notificação tenha parado em Tzekos”. Segundo a Reuters, Panagopoulos disse também que não há provas contra o técnico no que respeita à suspeita de ter fornecido dopantes.

A polémica desencadeada na véspera dos JO levou também Kenteris, Thanou e Tzekos a serem acusados pela justiça grega de iludirem os oficiais “antidoping”. Tzekos responderá pelos alegados crimes de obstrução aos oficiais, “falsas declarações” e posse, armazenamento, importação e comercialização de substâncias proibidas.

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