Robert Iger O sucessor de Eisner na liderança da Disney

A Walt Disney Co. anunciou ontem que o presidente e número dois da companhia, Robert Iger, assumirá a condução da empresa a partir de Setembro, substituindo no cargo o actual CEO (presidente executivo), Michael Eisner, que se afastará depois de 21 anos à frente da administração. A substituição ocorre um ano antes do previsto, e pode considerar-se o culminar da contestação dos accionistas de referência da Disney à liderança de Eisner - um homem controverso mas brilhante, que em duas décadas transformou a companhia de desenhos animados numa gigantesca multinacional de media e entretenimento, com cadeias de rádio e de televisão, parques temáticos, estúdios e produtoras de cinema... e lucros superiores a 23 mil milhões de euros/ano.
Em 2004, a quebra dos resultados financeiros da empresa e as dificuldades de relacionamento da casa-mãe com algumas das principais subsidiárias levaram um grupo de accionistas, liderado por Roy E. Disney, sobrinho do fundador Walt Disney, a convocar uma assembleia extraordinária para exigir o afastamento de Eisner. O CEO sobreviveu, mas aceitou sair em Setembro de 2006, aos 65 anos. A companhia iniciou então um processo de consultas para procurar o seu sucessor, mas a decisão precipitou-se depois de uma das potenciais candidatas, a CEO do site de leilões eBay, Meg Whitman, ter divulgado publicamente a sua indisponibilidade, e depois de Michael Eisner ter escrito aos accionistas, dando conta da sua intenção de deixar a administração.
Nos próximos meses, Eisner e Iger trabalharão em conjunto para assegurar uma transição de poder pacífica. No entanto, esta nomeação dificilmente "acalmará" o mesmo grupo de accionistas que em 2004 se opôs à permanência de Eisner: apesar de serem radicalmente diferentes em termos de estilo e personalidade, os dois partilhavam a mesma visão estratégica para o futuro da Disney. Para estes accionistas, o principal problema de Iger tem a ver com a sua lealdade a Eisner e à sua equipa. "Achamos incompreensível que o conselho de administração não seja capaz de encontrar um único candidato interessado neste lugar que não faça parte da actual equipa", criticou Roy Disney.
Robert Iger chegou à Disney em 1996, com a compra da estação televisiva ABC, onde se notabilizou como presidente, numa carreira fulgurante iniciada em 1974 como pivot da meteorologia e produtor de programas desportivos. Com 54 anos, continua a ser um praticante de triatlo e é um apaixonado por tecnologia e inovação. É considerado um homem discreto, ponderado e diplomático - características que lhe podem ser úteis nas complicadas negociações com as subsidiárias, os trabalhadores e os analistas de Wall Street (ontem, a cotação da Disney reagiu em alta à notícia). Numa breve declaração, Iger considerou-se "extremamente honrado por merecer a confiança e a responsabilidade de liderar para o futuro esta grande companhia que ocupa um lugar tão importante no coração de milhões de pessoas em todo o mundo".
O mandato de Iger inicia-se com a inauguração da Disneylândia de Hong Kong - o novo CEO disse que quer explorar as oportunidades do mercado asiático. Terá ainda de negociar a aquisição dos direitos televisivos da liga de futebol americano e evitar que o estúdio de animação Pixar arranje uma outra distribuidora (o cenário mais provável). Rita Siza, em Washington

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