Argentina expulsa ex-nazi acusado de pedofilia para o Chile

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Schaefer tem hoje 83 anos e foi levado pela Força Aérea até ao Chile Carlos Luna/TELAM/EPA

A Argentina decidiu ontem à noite expulsar o ex-cabo nazi Paul Schaefer para o Chile, onde é procurado por pedofilia e torturas durante o regime de Pinochet. Paul Schaefer, com 83 anos, já chegou ao Chile após uma fuga de oito anos.

Schaefer foi detido sexta-feira em Tortuguitas, perto de Buenos Aires. Antigo maqueiro nazi, Paul Schaefer tinha desaparecido há oito anos da colónia que fundou em 1961 no sul do Chile, a remota Colónia Dignidad, fazendo correr o boato de que tinha morrido.

A Interpol emitiu um mandado internacional de captura por Paul Schaefer, em 1996, devido a acusações de pedofilia. A pressão policial terá motivado a fuga do alemão, que também era acusado de ter provocado o desaparecimento de prisioneiros políticos na área de Colónia Dignidad durante a ditadura de Pinochet.

No centro das investigações está a Colónia Dignidad. Ali, segundo as autoridades, os filhos dos camponeses pobres daquela região eram alvo de abuso sexual por parte dos responsáveis da colónia. As autoridades levaram a cabo investigações sobre pedofilia em Colónia Dignidad, que terminaram em 2004 com a condenação de 22 responsáveis por 27 casos de abuso sexual de menores.

Do lado da Argentina, a expulsão imediata de Schaefer tornou-se possível porque o Chile retirou o pedido de extradição que havia apresentado junto das autoridades argentinas. O facto fez com que Schaefer ficasse sob a alçada da nova lei argentina de imigração, aprovada em Janeiro, que determina que qualquer estrangeiro entrado legal ou ilegalmente no país pode ser deportado de imediato se for acusado por outro país de crimes contra a humanidade.

Agora, a polícia chilena quer também ouvir Schaefer no caso do desaparecimento do norte-americano Boris Weisfeiler, um judeu de origem russa professor de Matemática, de quem se perdeu o rasto em 1985 quando se encontrava perto de Colónia de Dignidad.

Não são só as autoridades sul-americanas que perseguem Schaefer. Também a Justiça alemã pretende interrogar o ex-nazi "por abuso e corrupção de menores" e estuda a possibilidade de pedir a sua extradição, ao mesmo tempo que a Justiça francesa encara igualmente a possibilidade de solicitar a sua extradição, a fim de o julgar por "rapto e torturas sobre um cidadão francês".

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