Dave Douglas apresenta jazz montanhês no CCB

Trompetista
do ano, utiliza rock, música clássica
e batidas electrónicas na sua música

Como nas montanhas, na música de Dave Douglas existem mais altos do que baixos. Douglas, que nos últimos três anos foi distinguido pelo Annual Critics Choice como trompetista do ano, apresenta hoje à noite no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, o seu novo álbum, Mountain Passages, inspirado e dedicado ao seu pai, falecido em 2003, Damon Douglas, cartógrafo e montanhista. Damon Douglas defendia em The Bridge not Taken; Benedict Arnold Outwitted que novos trilhos deveriam ser desbravados para se melhor se compreender a relação do homem com a floresta. Da mesma maneira se poderá dizer que novas vias têm que ser abertas musicalmente para melhor se compreender a relação do músico com o jazz. É isso que Dave Douglas tem feito ao longo de uma discografia sempre inovadora e provocatória que inclui álbuns como Constellations (ainda com o Tiny Bell Trio), Moving Portrait, Convergence, A Thousand Evenings e os mais recentes Witness, The Infinite e Strange Liberation.
A relação com a montanha foi de tal maneira forte que a estreia mundial deste trabalho teve lugar, em Agosto de 2003, nas montanhas Dolomitas, em plenos Alpes italianos, a 3000m. O que de início seria algo definido pelo compositor como "música para montanhas imaginárias" acabou por se transformar literalmente em algo geograficamente mais palpável, como se toda a dimensão multifacetada dos sons fosse cartografada nos mais ínfimos pormenores do seu relevo.
Dave Douglas foi sempre um músico que soube incorporar na sua música elementos alheios ao jazz, desde a música clássica, à contemporânea, passando pela música de câmara, o klezmer, o rock e mesmo algumas batidas electrónicas a roçarem a música de dança. Prova deste eclectismo é o facto de ter participado como convidado em discos de artistas pop como Suzanne Veja, The Band, Sheryl Crow, Sean Lennon, Cibo Matto e Ron Sexmith.
A sua actividade enquanto líder "explodiu" nos anos 90 - depois de ter integrado nos anos 80 os Doctor Nereve e os Masada, de John Zorn - quando assinou para a Soul Note o álbum Parallel Worlds. A sua última formação, com a qual tocará em Portugal pela terceira vez (já actuou nos festivais do Seixal e de Ponta Delgada), designada Nomad, é constituída por Michael Moore (sopros), Rubin Kodheli (violoncelo), Marcus Rojas (tuba) e Tyshawn Sorey (percussão). Em Lisboa, apetece dizer que se Dave Douglas não vai à montanha, a montanha vem a Dave Douglas.

Dave Douglas
LISBOA Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém. Pç. Império. Tel.: 213612400. Às 21h. Bilhetes: 12,50 e 15 euros.

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