Novas aventuras de Winnie the Pooh hoje no cinema

Há um monstro à solta no Bosque dos Cem Acres. O urso e os seus amigos vão descobrir que, afinal, é apenas um inofensivo elefante cor-de-rosa

Uma expedição repleta de perigos, destinada a capturar um ser misterioso e temido, marca o regresso de Winnie the Pooh e amigos às salas de cinema. Depois de um filme dedicado ao Tigre (2000) e de outro dedicado ao Piglet (2003), a Disney prossegue a saga do urso que adora mel com Heffalump - O Filme, que hoje se estreia nos cinemas portugueses.Nesta nova aventura, o sossego no Bosque dos Cem Acres é interrompido por um ruído que só poderia ser feito por um Heffalump, uma criatura horrenda e horrível, um gigante multiplicado por três ("é tão alto que se olhas para cima não o vês", garante o Coelho). Assim, Pooh (que cai num pote de mel ao sair assustado da cama), o Tigre (sempre eufórico e impulsivo), o Coelho (auto-designado líder do grupo) e Piglet (mais nervoso e cheio de medo do que o costume) definem um plano meticuloso para o caçar. Contam com a ajuda do lento Igor, o burro cabisbaixo, para carregar todo o material. Só Ru, o pequeno canguru, é considerado demasiado novo para integrar a missão. Mas será ele a fazer, sozinho, as grandes descobertas desta história...
Quem participa também na caça ao Heffalump, ao dar voz aos bonecos animados na versão portuguesa, são os actores Rui Mendes, Carlos Freixo, Octávio Matos e Luísa Salgueiro. Equipa que conta ainda com André Raimundo, de 11 anos, e Jasmim Castro, de 7.
Rui Mendes começou a dar voz ao Pooh há cerca de três anos. E gosta do boneco, apesar de reconhecer que o urso é um "bocadinho pouco dotado de cérebro". "O Pooh é muito engraçado porque é um boneco muito ternurento, simpático, com um sentido de humor muito curioso. E depois gosta muito de mel e é muito ingénuo", refere. Sobre o processo de dobragem, Rui Mendes explica como a voz tem importância na criação da personagem: "Temos de nos adaptar à realidade do boneco, dar-lhe expressão, vida. O que não é fácil. Todos estes bonecos têm um lado humano. Gostam ou não gostam, são gulosos, irritam-se. E é disso que na dobragem não nos podemos esquecer. Para cativar e interessar o espectador."
O Tigre, dono de uma cauda com vida própria e que utiliza uma linguagem com trocadilhos e entoações e expressões curiosas, recebe a voz, desde que existe dobrado em português, de Carlos Freixo. Este actor, que se estreou em dobragens há 18 anos - fez de Simba no Rei Leão, fez várias personagens da Rua Sésamo -, é responsável pela direcção de actores de Heffalump. Carlos Freixo sente-se, ao fazer a dobragem, "completamente" no boneco: "Nem consigo estar sentado, sobretudo nas personagens muito histéricas. Gesticulo imenso, tenho de tirar o relógio para não fazer barulho. O Tigrão, por vezes, dá-me um bocado cabo da cabeça", reconhece. Mas para o actor o mais difícil é o casting, a escolha das vozes, e a posterior aprovação nos EUA. O que nem sempre acontece.
Octávio Matos, que faz desde sempre a voz do Coelho em português, viu a sua voz ser recusada três vezes pela Disney. Só à quarta é que foi escolhido. Sobre a dobragem, o actor pensa que é essencial a voz dar aquilo que a imagem dá, o ritmo, as emoções.
A mamã Heffalump (um ser ternurento e nada assustador) recebe a voz de Luísa Salgueiro. Uma voz com sotaque do Norte por opção da direcção de actores e porque há muito que a actriz, que se estreou a fazer dobragens em 1985, tinha vontade de utilizar mais os sotaques e pronúncias. Porque acha que a pronúncia "dá um colorido" e porque "temos pronúncias que não utilizamos ou só utilizamos quando são personagens negativos".
André Raimundo e Jasmim Castro não encontraram grandes dificuldades para dar a voz a Ru e a Lumpy (um Heffalump que afinal é um pequeno e inofensivo elefante cor-de-rosa). Para André, fazer dobragem "é fácil e divertido". Jasmim Castro, um estreante, diz que fez a voz de Lumpy de uma maneira muito fácil: "Fazendo." O mais difícil mesmo, para os dois, foi rir sem vontade. O que no filme não se nota.

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