Número de casos de brucelose e febre de Malta diminuiu em Portugal

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Os inspectores comunitários analisaram explorações, laboratórios, matadouros e locais de processamento de leite na Beira Interior e em Trás-os-Montes DR

O número de casos de brucelose no gado ovino e caprino e de febre de Malta nos humanos diminuiu "significativamente" em Portugal nos últimos anos devido ao programa de erradicação da doença, que ainda revela, no entanto, algumas deficiências.

A conclusão consta de uma inspecção de três peritos do Gabinete Veterinário e Alimentar da União Europeia (UE), realizada entre 12 e 16 de Julho do ano passado, para avaliar a eficiência do Programa de Erradicação da Brucelose no gado caprino e ovino.

Os inspectores comunitários analisaram explorações, laboratórios, matadouros e locais de processamento de leite na Beira Interior e em Trás-os-Montes. Os veterinários constataram que o número de casos de brucelose nos humanos - conhecida como febre de Malta, habitualmente transmitida através do leite ou do queijo fresco - diminuiu de forma "significativa", passando de 683 casos em 1999 para 139 em 2003.

No que respeita à brucelose o relatório revela que em seis das sete regiões cobertas pelo programa comunitário "foram feitos progressos no que respeita à erradicação da doença (prevalência e incidência nos rebanhos) nos anos mais recentes".

"O desenvolvimento de vacinas e as mudanças na política de vacinação nas áreas de alta incidência da doença aceleraram a erradicação. A cobertura das explorações melhorou e mais de 92 por cento foram testadas pelo menos uma vez em 2003", lê-se no documento.

Por isso, "as estatísticas mostram uma queda significativa" do número de explorações infectadas entre 2002 e 2003 e nas regiões envolvidas no programa de erradicação - Algarve, Alentejo, Beira Interior, Beira Litoral, Entre Douro e Minho, Ribatejo e Oeste e Trás- os-Montes - a incidência da doença diminuiu, em alguns casos para metade.

Apesar de os resultados serem positivos, há ainda várias correcções a fazer por parte das autoridades portuguesas, depois de terem sido detectadas deficiências, em especial em Trás-os-Montes.

Entre estas está a diminuição do número de testes aos animais devido à falta de pessoal e à falta de supervisão pelos serviços oficiais na identificação de controlo de movimentos.

Registam-se ainda atrasos - muitas vezes de 11 meses - entre os testes efectuados, o abate de animais e a notificação pelos agricultores, bem como falhas no que respeita à desinfecção de quintas, veículos de transporte e matadouros.

Na região transmontana - onde a incidência da doença diminuiu para metade de 2002 para 2003 - , a situação é particularmente criticada devido ao atraso na revacinação dos animais adultos, um facto justificado por Portugal com a necessidade de ter que vacinar mais de 300 mil animais num período de dois anos.

Entre os aspectos positivos está o facto de os "sistemas de registo das explorações, identificação de animais e controlo de movimentos estarem em prática", o Programa Informático de Saúde Animal em vigor e ter sido transposta a legislação comunitária.

Na inspecção dos estabelecimentos de processamento de leite, os veterinários comunitários detectaram falhas na notificação às autoridades de saúde sobre a presença de animais infectados nas quintas: "Ocasionalmente, ocorrem longos prazos entre os testes e a notificação, o que alonga o impedimento do consumo de leite".

Bruxelas aconselha que os sistemas de revacinação de animais adultos e os testos serológicos sejam realizados em Trás-os-Montes, uma melhoria nos registos e a identificação de animais nos controlos.

Portugal tem agora um mês para elaborar um plano de acção detalhado para pôr em prática as recomendações da Comissão Europeia.

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