Hotel Ruanda

A matança ruandesa chega aos écrãs. Já vimos isto com a Jugoslávia: trazer para perto da vista o que sempre esteve longe do coração, derramar umas lágrimas de compaixão, clamar "revolta", cantar um ou outro caso de sacrifício e abnegação - é o cinema como lavandaria da consciência "ocidental", negócio florescente.

Enfim, só um aparte. "Hotel Ruanda" conta a história verídica de um gerente de um hotel em Kigali que protegeu milhares de tutsis durante o cerco das milícias hutus. Don Cheadle é o protagonista, e um sofredor Nick Nolte anda por lá a representar a "impotência do Ocidente", como oficial das Nações Unidas. É razoavelmente competente como "thriller", mas fica-se com a sensação de que o conflito no Ruanda foi uma espécie de filme de acção - sem ruandeses, mas com muitos actores de Hollywood - fácil de esquecer uma vez tudo acabado em bem. Sensação, palpita-nos, redutora.

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Rui Barbosa Batista é jornalista e viaja em Born Freee
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