Santana Lopes diz que fim das Scut é "prioridade nacional"

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Santana Lopes foi criticado pelos deputados socialistas eleitos pelo distrito, que contestaram o facto de não terem sido convidados para a inauguração do troço Nuno Veiga/Lusa

O primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, reafirmou hoje, durante a inauguração do troço da A13 entre Almeirim e Marateca, que o fim do sistema de auto-estradas sem custos para o utilizador (Scut) é uma "prioridade nacional".

Pedro Santana Lopes, que percorreu os perto de 49 quilómetros hoje abertos ao tráfego, reafirmou a necessidade de libertar recursos do Orçamento de Estado que estão comprometidos no pagamento das Scut para a construção de outros equipamentos, como escolas e hospitais.

Considerando mais justo o princípio do utilizador-pagador, o primeiro-ministro frisou que só a primeira factura das Scut é equivalente a toda a dotação financeira para o programa da Sociedade da Informação para os próximos anos e superior ao orçamento anual de que a Estradas de Portugal dispõe para manutenção, conservação e construção de obra nova.

Segundo Santana Lopes, este ano o Estado vai ter de pagar mais de 500 milhões de euros pelas sete concessões em regime de Scut, estando previsto um pagamento médio anual da ordem dos 700 milhões de euros até 2031, "pagos pelo Orçamento de Estado, ou seja, pelos impostos".

A inauguração, que começou com cerca de uma hora de atraso, justificada pelo estado de saúde de Santana Lopes, mereceu um protesto dos deputados socialistas eleitos pelo distrito, que contestaram o facto de não terem sido convidados, ao contrário do que é habitual, tanto mais que um deles, Nelson Baltazar, pertence à comissão parlamentar de Obras Públicas.

"Será que este é um acto do Governo, que sempre nos convidava, ou será um acto de campanha, de que importa excluir os outros partidos", questionou Nelson Baltazar, fazendo referência ao carro da campanha eleitoral do PSD que esteve presente no local, aparentemente com uma equipa de filmagem.

Também o presidente da Câmara de Santarém se insurgiu contra o facto de ter sido excluído da cerimónia, sublinhando que, embora a A13 termine em Almeirim, todo o trânsito com destino à A1 vem entroncar no seu concelho, onde falta construir uma acessibilidade essencial para o seu escoamento.

Para Rui Barreiro, o facto de não ter sido convidado para a cerimónia ou foi "desleixo dos serviços" ou "má educação" ou, "o que seria mais desconcertante, má consciência por esta ligação não estar completa". No entender do autarca socialista, o facto de não ter sido construída a variante que deveria fazer a ligação entre a saída da ponte Salgueiro Maia e o nó da A1, em Santarém, obra da responsabilidade da Estradas de Portugal, "não é bom para a Brisa", pelo estrangulamento que essa falta irá provocar, e "é muito mau para quem diariamente utiliza a Rua O", a circular urbana de Santarém que vai acolher esse tráfego.

A A13 Almeirim/Marateca, que a partir de hoje pode ser utilizada mediante o pagamento de uma portagem que varia entre os 5,95 euros para a classe 1 e os 14,95 euros para a classe 4, com uma extensão de perto de 79 quilómetros, que custou 240 milhões de euros.

Com os dois primeiros sub-lanços em funcionamento desde 2002, o traçado da A13 teve de sofrer uma alteração entre Almeirim e Salvaterra de Magos, para evitar os sítios arqueológicos dos concheiros de Muge e a divisão da povoação de Foros de Salvaterra e foi alvo de forte contestação em Benavente.

Os presidentes das câmaras municipais de Salvaterra de Magos, Ana Ribeiro (BE), e Benavente, António José Ganhão (CDU), embora convidados, não compareceram à cerimónia, a primeira alegando razões de saúde e o segundo compromissos anteriores de agenda.

Tanto o vice-presidente da Estradas de Portugal, António Pinelo, como o presidente da Brisa, Vasco de Mello, frisaram a importância da via hoje inaugurada como sinónimo de melhoria da mobilidade entre o Norte e o Sul do país e forma de descongestionar a circulação na Área Metropolitana de Lisboa.

Com o troço hoje inaugurado, a rede concessionada de auto-estradas passa a ter 2100 quilómetros, estando mais 267 em construção, nomeadamente nas cinco concessões em curso, entre Bucelas e a A13 (A10), com uma nova travessia do Tejo junto ao Carregado, entre Carregado e Torres Vedras, entre a Ericeira e a Malveira e esta localidade e Sintra e a nova ligação de Lisboa a Sintra e desta a Cascais.

João Bento, administrador da Brisa, destacou os cuidados ambientais (que incluíram a plantação de 203 hectares de montado de sobro, mais 20 por cento do que o que foi desbastado) e de acompanhamento arqueológico (com 13 intervenções) colocados na obra hoje inaugurada, bem como inovações ao nível do acompanhamento em tempo real do comportamento das estruturas, sobretudo da ponte de 1.655 metros sobre o rio Sorraia.

Para Vasco de Mello, esta foi uma obra complexa, com inovações nos sistemas de gestão ambiental e de segurança em obra, que vai contribuir para uma maior eficiência dos transportes rodoviários, já que a A13 interliga-se com a A1 (Norte), a A2 (Algarve), A6 (Évora) e, no futuro, com a A10.

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