Portas e Louçã travaram debate aceso a propósito do aborto e da banca

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Paulo Portas diz que há perigos na aliança entre PS e PCP ou Bloco de Esquerda, porque são contra o Tratado de Constituição da União Europeia António Cotrim/Lusa

Os líderes do CDS/PP, Paulo Portas, e do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, travaram ontem à noite um aceso debate na SIC Notícias, com troca de acusações a propósito do aborto e da banca.

No final do debate, que durou cerca de uma hora, Paulo Portas acusou o BE de não defender o direito ao nascimento e Francisco Louçã reagiu, argumentando que o líder do CDS/PP "não tem direito a falar de vida".

"Há uma vida que tem o direito a nascer, ou não. De acordo com o BE, não tem; de acordo connosco, tem", disse Paulo Portas, para justificar a posição do CDS/PP a favor do "actual quadro legal" que penaliza o aborto com pena de prisão até três anos.

"Não me fale de vida, não tem direito a falar de vida", interrompeu o dirigente do BE.

"Quem é o senhor para me dar ou não o direito de falar?", protestou Paulo Portas, levando Louçã a responder: "O senhor não sabe o que é gerar uma vida. Eu tenho uma filha. Sei o que é o sorriso de uma criança".

Louçã considera que "o país está a ser roubado"

Antes, a propósito das tributações à banca, Francisco Louçã considerou que "o país está a ser roubado", pelo facto de o ministro das Finanças, Bagão Félix, ter fixado em 15 por cento o pagamento de IRC.

Paulo Portas reagiu, afirmando que o dirigente do BE estava a "radicalizar" o debate e, perante a insistência de Louçã para que o líder do PP respondesse àquele assunto, declarou: "Não ponha esse ar, porque não é nem mais nem menos do que eu" e "não estique o dedo porque não é preciso".

O líder do CDS/PP acabou por abordar a matéria, considerando 15 por cento um valor razoável e sustentando que "não se pode querer que se faça a justiça toda num dia e de caminho abandonar o crescimento económico".

Há perigos na aliança entre PS e PCP ou Bloco de Esquerda

O líder do CDS/PP advertiu, durante o debate, para o perigo de o PS se aliar ao PCP ou ao Bloco de Esquerda, devido "à política de defesa e internacional" daqueles partidos, que defendem a saída de Portugal da NATO e são contra o Tratado de Constituição da União Europeia.

Portas desvalorizou, contudo, um cenário de vitória do PS, considerando-o improvável e manifestando-se convicto de que os socialistas vão "perder as eleições", ao contrário do que apontam as sondagens.

"O número de deputados de centro-direita será superior ao número de deputados da esquerda" depois das legislativas de 20 de Fevereiro, vaticinou, reiterando também que o objectivo do CDS/PP é "ter mais votos do que o PCP e o BE", o que provocou risos de Francisco Louçã.

Em relação ao Tratado de Constituição Europeia, o dirigente do BE aproveitou para lembrar que um dos eurodeputados do CDS/PP votou contra o documento, referindo-se a Ribeiro e Castro.

Na discussão da guerra do Iraque - um dos temas em que Louçã mais insistiu - o dirigente do BE disse ter "a impressão de que com um ministro dos Negócios Estrangeiros como Jaime Gama [PS] Portugal teria feito algo parecido com o que fez o Governo de Durão Barroso".

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