Pequenas ilhas pedem ajuda para enfrentar problemas ambientais e económicos

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A subida do nível médio das águas do mar ameaça a existência destas ilhas Manish Swarup/AP

Os 37 pequenos Estados insulares das Caraíbas, Pacífico e Índico pediram hoje ajuda para enfrentar os problemas e desafios ambientais e económicos que ameaçam a sua sobrevivência, durante uma conferência das Nações Unidas que começou hoje na Maurícia.

Em cima da mesa nos próximos cinco dias estão os desafios colocados pelo isolamento geográfico, recursos limitados e a exposição às catástrofes naturais.

O maremoto que atingiu o Sul da Ásia a 26 de Dezembro, e que fez mais de 150 mil mortos, veio dar uma nova urgência à questão da vulnerabilidade aos desastres naturais.

Anwarul Chowdhury, secretário-geral da conferência, disse que agora é altura de dar ao oceano Índico e a outras regiões a protecção de que precisam. “O apelo recente (de Kofi Annan, secretário-geral da ONU) para a criação de um sistema de alerta terá uma atenção especial nesta conferência”, disse Chowdhury no discurso de abertura.

Este responsável lembrou às nações doadoras que estão a dar cada vez menos ajuda às ilhas para cumprirem o que ficou decidido numa conferência em 1994 nas Barbados, relativamente às alterações climáticas, necessidades energéticas, turismo, abastecimento de água potável, resíduos e biodiversidade.

“Apesar dos esforços feitos pelos pequenos Estados insulares, as expectativas em relação ao apoio internacional e cooperação para a implementação do programa de 1994 não se concretizaram”, acrescentou.

Annan chegou à Maurícia esta noite, depois de um périplo pela Indonésia, Sri Lanka e Maldivas, países atingidos pelo maremoto. O secretário-geral da ONU deverá participar na reunião ministerial da quinta-feira.

Maurícia pede mais ajuda nas áreas do comércio e das alterações climáticas

Paul Berenger, primeiro-ministro da Maurícia, apelou aos países doadores para ajudarem mais nas áreas de maior preocupação para as ilhas. “Apelo a uma compreensão continuada em nome de todas as delegações que tentam enfrentar os desafios colocados pelo comércio e pelas alterações climáticas”, disse Berenger aos delegados.

O fim das quotas de comércio abriu a frágil economia das ilhas à competição de potências como a China e a Índia. Além disso, a subida do nível médio das águas do mar ameaça a sua existência.

Os delegados informaram que houve algum progresso nas negociações informais do fim-de-semana sobre o comércio mas não sobre as alterações climáticas. “Não vejo qualquer progresso significativo no documento final porque as posições de alguns países desenvolvidos está demasiado enraízada para ser alterada”, disse Mohamed Latheef, embaixador das Maldivas na ONU.

Os habituais países doadores cortaram a ajuda anual aos pequenos Estados insulares de 1,74 mil milhões de euros para 1,29 mil milhões de euros durante a última década.

De acordo com um relatório divulgado na semana passada pela ONU, entre as principais ameaças a estas regiões estão a poluição e as descargas por navios nas Caraíbas, sobre-exploração pesqueira no Pacífico e o aumento da quantidade de resíduos nas ilhas do Atlântico e do Índico. Espécies únicas de animais e plantas também sofrem a pressão da agricultura e ocupação do solo, bem como da introdução de espécies exóticas invasoras de outras partes do mundo.

A conferência - na qual participam cerca de duas mil pessoas, incluindo 20 chefes de Estado - deverá ainda abordar questões como a ajuda humanitária e a sida.

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