Roberto Carneiro: imigrantes são "negócio lucrativo" para a Segurança Social

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De acordo com o SEF, vivem legalmente em Portugal cerca de 500 mil imigrantes Andre Kosters/Lusa

O coordenador do Observatório da Imigração, Roberto Carneiro, considerou hoje, num debate em Sintra, que os descontos dos imigrantes para a segurança social são um "negócio bastante lucrativo", defendendo um sistema mais justo para estes contribuintes.

"A maioria dos imigrantes que descontam nem sequer atingem o prazo de garantia [15 anos] para poder obter o sistema de aposentação", afirmou Roberto Carneiro durante o debate “Imigração e minorias étnicas: realidades e desafios”, iniciativa da Câmara de Sintra em parceria com o Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas.

"Quando chega aqui um imigrante com cerca de 30 anos e começa a descontar é alguém em quem o Estado não investiu nem gastou nada e que já vem educado e, em princípio, será uma pessoa saudável", explicou o coordenador, defendendo que deveriam ser "equacionados esquemas de maiores justiça na relação entre contribuições e benefícios".

Roberto Carneiro criticou ainda o facto de os filhos de imigrantes que nascem em Portugal não terem direito ao título de nacionalidade. "Em Portugal, nega-se assim um direito fundamental que é o de ter uma pátria".

Segundo o responsável, "cinco por cento da riqueza do país assenta na imigração, o que representa um valor superior a 40 milhões de euros só nas contas do Estado".

De acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, vivem legalmente em Portugal cerca de 500 mil imigrantes, sendo a maior comunidade a ucraniana - com cerca de 66 mil - seguida da brasileira (cerca de 65 mil) e a cabo-verdiana (com 63 mil).

Na segunda-feira, Roberto Carneiro salientou que cerca de cinco por cento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional é suportado pela imigração. "Não conseguimos crescer sem a imigração e as empresas já têm esta percepção", frisou.

O responsável, que falava no Porto à margem da apresentação de dois estudos sobre o trabalho imigrante em Portugal, defendeu a necessidade de agregar "de forma rápida" a oferta de emprego, criando uma grande base de dados que pudesse estar disponível, "em tempo real", nos consulados portugueses dos principais países de origem dessa mão-de-obra (leste europeu, África e Brasil).

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