O homem é um predador. Tem uma curiosidade devoradora e apodera-se de qualquer estilo de música ou subcultura, a ponto de os poder reconstruir sob a sua perspectiva. "The Delivery Man" é só mais uma prova disso mesmo. Senhoras e senhores: Elvis meets Southern Americana.
"The Delivery Man", uma intricada história cheia de personagens recorrentes. Impõe-se como mais um álbum americano de Costello em que a tradição do Sul é revista pelas lentes dos seus óculos de massa. E o convexo resultado dessa apropriação é um disco em que funk, soul, jazz, blues, gospel, rhythm'n'blues, rock e country se confundem num amontado que só poderia ter uma assinatura: Elvis, do "pai" Presley; Costello, do nome de solteira da mãe.
Não deixa de ser percorrido por um subtil humor ou sarcasmo, mas o melhor de "The Delivery Man" é a revisão da música country nas excelentes baladas remetidas para as faixas pares do alinhamento do disco. Já a outra metade de "The Delivery Man", as canções ímpares, dedica-se ao rock e ao blues, num estardalhaço descabido: rock'n'roll furioso à maneira dos pretos esquecidos da primeira geração do rock, paredes meias com o rhythm'n'blues dinossáurico. Insano e a chegar ao psycho-billy.
