WWF: novos estudos provam contaminação de ursos polares com químicos

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Os cerca de 22 mil ursos polares que vivem no Árctico têm ainda de enfrentar outras ameaças, como a perda de habitat e as alterações climáticas DR

Três novos estudos científicos publicados recentemente apresentam mais provas da contaminação dos ursos polares (ursus maritimus) por PCB (Bifenilos policlorados) e pesticidas, alerta hoje a organização ecologista WWF.

Os estudos - publicados em Abril e Junho deste ano, relativos a amostras de tecidos e sangue recolhidas entre 1995 e 1999 - "mostram que alterações biológicas nos sistemas hormonais e imunitários dos ursos polares estão relacionadas com os níveis de contaminação tóxica existentes nos seus corpos", segundo a WWF.

Quanto maior é o nível de PCB e vários pesticidas nos ursos polares no Canadá e na ilha de Svalbard, Noruega, menor é o nível de anticorpos no seu sangue, tornando os animais mais vulneráveis a infecções. Uma alteração a nível hormonal leva a problemas reprodutivos, de comportamento e desenvolvimento.

"Os estudos sobre os ursos polares realizados nos últimos anos concluem que estes animais estão a ser afectados pela poluição química", disse Andrew Derocher, investigador perito em contaminação de ursos polares no Árctico.

"Sou levado a crer que a maioria dos ursos polares tem no seu corpo várias centenas de químicos produzidos pelo homem, sem nunca ter desenvolvido mecanismos para lutar contra eles", acrescentou.

Apesar de as substãncias analisadas nos estudos já não serem utilizadas nos processos de fabrico e agricultura, a WWF lembra que elas permanecem durante vários anos na água, gelo e solos. Os PCB são hidrocarbonetos clorados altamente persistentes, bioacumulam-se - ou seja, concentram-se nos tecidos dos organismos vivos - e são tóxicos. Tem-se imputado aos PCB a responsabilidade pelo declínio registado nas populações de focas na zona do mar do Norte

"Outros contaminantes, com características semelhantes, continuam a ser utilizados diariamente em fábricas de todo o mundo", salientou Brettania Walker, do programa da WWF no Árctico. "É crucial evitar que esta nova geração de químicos se acumule e polua o ambiente".

A organização lamenta que a maioria dos químicos no mercado não tenham sido testados de forma adequada para determinar os seus impactes na saúde humana e na vida selvagem.

Por isso, a WWF apela a uma legislação sobre químicos mais rigorosa.

Os cerca de 22 mil ursos polares que vivem no Árctico têm ainda de enfrentar outras ameaças, entre elas a perda de habitat e as alterações climáticas.

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