Portas cria OGMA Imobiliária para controlar terrenos de Alverca
Paulo Portas havia afirmado numa reunião da Comissão Parlamentar de Defesa que os terrenos em causa, situados no município de Vila Franca de Xira, deveriam ser transferidos para a Parpública, de modo a evitar que o futuro accionista tivesse oportunidade de mudar de actividade e converter os extensos terrenos em projectos imobiliários. Mas o ministro acabou por mudar de estratégia, uma vez que já saiu publicado em Diário da República a criação de uma nova empresa, a OGMA Imobiliária SA, com capital social de 30 milhões de euros e participada a cem por cento pela mesma "holding" que tem a OGMA, a Empordef-Empresa Portuguesa de Defesa.
O objectivo assumido pelo ministro na Comissão Parlamentar era "separar com toda a clareza os terrenos da empresa, de modo a que ninguém se possa interessar pela OGMA porque se interessa pelos terrenos". Mas a criação da OGMA Imobiliária levantou alguns receios acerca da eficácia que poderia ter em afastar a hipótese de o novo accionista deslocalizar a fábrica. Algumas das dúvidas puderam ser respondidas ontem, na primeira reunião entre os dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) e a nova presidente da administração da Empordef, Rosário Ventura.
No final da reunião, Jorge Lopes, dirigente do SITAVA, manifestou alguma confiança nesta nova estratégia, depois de ter tido conhecimento da existência de cláusulas de salvaguarda que evitam alterações de uso por um prazo de 30 anos e que se mantém a opção por praticar rendas baixas, para que o novo accionista não se sinta impelido a procurar novos locais para a actividade. "A ser assim, penso estarem criadas as condições para não haver tentações de deslocalização", afirmou o dirigente sindical.
Moradias podem valer 1,3 milhõesO património tutelado por esta nova empresa, a OGMA Imobiliária, não abrange outras propriedades das ex-Oficinas Gerais de Manutenção Aeronáutica, nomeadamente um conjunto de antigas vivendas que a empresa possui no centro de Alverca. A administração da Ogma-Indústria Aeronáutica de Portugal tem vindo a pressionar a câmara de Vila Franca de Xira para que se pronuncie sobre a eventual alienação dessas moradias e da possibilidade desse espaço poder vir a receber novas construções. A Ogma justifica esta sua intenção de vender as vivendas com a possibilidade de obter um encaixe financeiro da ordem dos 1,3 milhões de euros, que considera importante para o seu equilíbrio financeiro.
A presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, começou por se opôr a qualquer intervenção que fosse além da recuperação destas vivendas - construídas em meados do século passado para albergar alguns funcionários das antigas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico que não residiam na área de Alverca - mas já admitiu retomar a discussão do assunto.