Women on Waves: organizações exercem pressão diplomática sobre Governo português
O "Borndiep", embarcação da organização holandesa Women On Waves, mantém-se em águas internacionais, ao largo da Figueira da Foz, a cerca de 13 milhas (24 quilómetros) da costa, acompanhado por dois navios da Marinha portuguesa.
Celina Santos, da Acção Jovem para a Paz (AJP), uma das organizações promotoras, revelou que estão a decorrer "vários contactos" com a embaixada e com o Governo da Holanda, mas também com partidos políticos e deputados holandeses e portugueses "no sentido de pressionar o Governo português".
Questionada sobre os resultados desses contactos, a activista da AJP recusou, no entanto, adiantar pormenores.
"Os resultados desses esforços serão divulgados assim que forem efectivos. Não queremos falar de coisas boas antes delas acontecerem", disse.
Celina Santos afirmou ainda que este "é um projecto de cooperação, promovido por associações portuguesas, que apela à participação do povo português". "Não é uma tentativa de manipulação holandesa, Portugal não está a ser invadido", sustentou.
Apesar da recusa do Governo português em deixar entrar o navio em território nacional, as organizações pretendem "cumprir o plano inicial", nomeadamente proceder à realização de seminários e acções informativas junto da população. "Estão a ser estabelecidos contactos para realizar tudo o que tínhamos previsto" disse Celina Santos, não adiantando, contudo, os locais e datas das referidas acções.
O navio holandês, com clínica ginecológica a bordo, pretendia atracar ontem na Figueira da Foz e aí permanecer até 12 de Setembro, para relançar o debate em torno da interrupção voluntária da gravidez e distribuir a pílula abortiva às mulheres grávidas até às seis semanas e meia que estiverem interessadas. Isto será feito em águas internacionais, de forma a não violar a legislação portuguesa em vigor.
No navio-clínica, um pequeno barco azul e laranja, seguem 14 passageiros e três tripulantes.