Larry Franklin é um espião de Israel no Pentágono?

O FBI pretende averiguar se Franklin, coronel na reserva da Força Aérea e analista de segurança nacional que no fim da Guerra Fria aprendeu farsi, entregou um projecto de directiva presidencial sobre política americana referente ao Irão a duas figuras do American Israeli Public Affairs Committee [AIPAC, maior "lobby" judeu nos EUA], que por sua vez poderiam ter passado a informação a Israel.

As autoridades estão preocupadas porque a directiva, que teria sido transmitida o ano passado, estava ainda a ser debatida em Washington, o que colocaria o Governo israelita numa posição de influenciar o documento final. O inquérito, que está a ser feito poderá não levar a acusações de espionagem e Franklin poderá ser acusado apenas de ofensas menores ou ser demitido.

Foi há três anos que Franklin entrou para o gabinete do Médio Oriente e da Ásia Meridional, no Pentágono. O seu lugar tornou-se mais importante depois de o Presidente Bush ter incluído o Irão no "Eixo do Mal".

Relações importantes

Um comunicado do Pentágono apresentou Franklin como um burocrata sem influência significativa na política americana. No entanto, algumas pessoas que têm trabalhado com ele apresentam um quadro diferente. "Franklin era a pessoa que Wolfowitz e Feith consultavam em questões do Irão'', disse um antigo funcionário do Pentágono, falando sob anonimato. "Era um aliado ideológico de Wolfowitz, Feith e Luti. Os três estiveram entre os principais advogados da guerra contra o Iraque. (...) As suas análises não eram sobre se deveríamos invadir o Iraque, mas sobre se o deveríamos fazer terça, quarta ou quinta-feira".

Os investigadores do FBI receiam que Franklin possa ter comprometido informação governamental. Algum tempo depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001 nos EUA, Franklin fez uma viagem secreta a Roma com Harold Rhode, outro funcionário do Pentágono, para se encontrar com dissidentes iranianos que lhes teriam prometido informações para ajudar na guerra contra o terrorismo. Um desses dissidentes era Manucher Ghorbanifar, traficante de armas e antigo espião iraniano, figura-chave no escândalo Irão-Contras na década de 1980.

A Casa Branca abençoou a viagem, mas quando as notícias surgiram, dois anos depois, garantiu desconhecer que Ghorbanifar estaria entre os dissidentes que Franklin e Rhode iriam contactar. Franklin e Rhode também estão ligados a Ahmed Chalabi, cujo Congresso Nacional Iraquiano foi a organização dissidente favorita do Pentágono durante o tempo de Saddam. Chalabi está agora a ser investigado pelos EUA por alegada transmissão de segredos ao Irão.

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