João Soares volta a recusar novo referendo sobre o aborto

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João Soares acusou Pina Moura de ter aberto a porta à "privatização da Petrogal" Miguel Ribeiro Fernandes/Lusa

Na sua opinião, a despenalização do aborto "deveria ter sido decidida na Assembleia da República", tal como a regionalização. "Não aceito que se diga que a interrupção voluntária da gravidez terá que ir a um novo referendo, depois dos dois logros em que caímos", disse João Soares, recordando as votações pouco participadas em que os eleitores chumbaram os referendos sobre o aborto e a regionalização, nos anos 90, quando o PS de António Guterres estava no Governo.

"Foi um erro sério que cometemos [os socialistas] quando nos deixámos arrastar por aquele comentarista de domingo", acrescentou João Soares, numa alusão aos comentários na comunicação social do ex-líder do PSD Marcelo Rebelo de Sousa.

Reafirmando que dos três candidatos a secretário-geral do PS ele é "o melhor colocado" para que o partido regresse ao Governo, João Soares acusou o primeiro ministro, Pedro Santana Lopes, e o ministro da Defesa, Paulo Portas, de serem a "principal expressão da demagogia, da mentira e do populismo". "Ganhar a essa gente é um combate que verdadeiramente quero travar", frisou João Soares, que tem como adversários na corrida ao lugar de secretário-geral do PS José Sócrates e Manuel Alegre.

Falando em Coimbra, João Soares lembrou que José Sócrates, quando era ministro do Ambiente, envolveu-se num "combate político bem vivo" na "cidade dos estudantes", em defesa da co-incineração na cimenteira de Souselas e contra a opinião do PS local. O deputado Manuel Alegre e também candidato à liderança socialista foi, nessa altura, um dos rostos mais visíveis da contestação ao processo.

Em defesa de uma "ética republicana da política", dentro e fora do partido, João Soares criticou o facto de o ex-ministro da Economia e das Finanças Pina Moura ter assumido a presidência do conselho de administração do "grupo espanhol com o qual negociou a venda da Petrogal", quando estava no Governo. "Foi o meu camarada Pina Moura [apoiante de Sócrates] que abriu a porta à privatização da Petrogal", acentuou, considerando que "certos sectores estratégicos, como as águas e a energia, não devem sair do controlo do Estado português".

Por outro lado, recordou João Soares, "foi também o Governo do PS que entreabriu as portas que a direita tem vindo a escancarar" no sentido da privatização na área da saúde, permitindo "experiências já realizadas há muito anos", sem sucesso, noutros países da União Europeia.

João Soares divulgou ontem as linhas gerais da sua candidatura a secretário-geral do PS na sede do partido, em Coimbra, perante cerca de 30 militantes.

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