BE prepara "alternativa " na Câmara do Porto
"Era muito importante que houvesse esse compromisso, daí que o BE pondere preparar aquilo que deverá ser uma viragem política significativa nas próximas eleições autárquicas que derrote a direita [PSD/CDS-PP] e crie uma política alternativa à actual maioria", afirmou.
Inconformado com as sucessivas "situações de ilegalidade" que a Câmara do Porto tem protagonizado e que deitam por terra o discurso moralista e de rigor de Rui Rio - o exemplo mais recente é o vencimento do seu chefe de gabinete que aufere um ordenado mensal superior ao vencimento-base do Presidente da República - o dirigente do Bloco argumentou que o BE tem legitimidade para propor esse compromisso quer ao PS, quer à CDU, porque, sublinhou, "temos sido absolutamente coerentes com a nossa conduta desde o início do mandato até agora. Nunca houve nenhuma hesitação da nossa parte". "Aquilo que foi dito na campanha eleitoral, corresponde àquilo que temos feito, ou seja, somos coerentes não apenas nas palavras, mas também nas acções, desde a moção de censura que apresentámos ao executivo de Rui Rio, até aos pedidos de demissão, passando pela pressão que temos feito junto da própria CDU em benefício da cidade", revelou.
Afirmando que em termos de "ilegalidade, violência e discurso anti-democrático a Câmara do Porto não tem paralelo no país, à excepção da Câmara do Marco de Canaveses com Avelino Ferreira Torres", o deputado considerou "escandaloso" o vencimento auferido mensalmente (8200 euros) pelo administrador da Casa da Música, Agostinho Branquinho, que foi já considerado ilegal pelo Tribunal de Contas. "Agostinho Branquinho para além de presidente da Casa da Música é empresário [...] e presidente da fundação que gere o Teatro do Campo Alegre, onde também aufere um salário. É fazer as contas e ver quanto é que esse senhor está a ganhar", denunciou Teixeira Lopes, em conferência de imprensa promovida ontem pelo BE junto ao B 13 do Bairro do Lagarteiro, em Campanhã, um dos que foi ocupado nos últimos dias por várias famílias carenciadas (ver texto no Local Porto).
Acusando Rui Rio de ser transformando num "aparatchik", cedendo "ao clientelismo" - "ainda me lembro do dr. Rui Rio dizer que fez a sua candidatura contra o seu próprio partido, apresentando-se ao eleitorado como uma espécie de Robin Hood, como alguém que vinha combater as lógicas tradicionais dos partidos" - o ex-candidato do BE à presidência da Câmara do Porto nas últimas eleições autárquicas acusou o autarca de nomear "todos aqueles que lhe são próximos [e de que Agostinho Branquinho é uma exemplo] numa lógica absolutamente sectária. Rui Rio tem nomeado apenas aqueles que lhe são próximos, os seus amigos do peito, a clã que o rodeia", denunciou, depois de sublinhar que "a Câmara do Porto é controlada por um clã fechado, extremamente sectário, o que prova que ele [Rui Rio] cedeu completamente no amiguismo, no clientelismo, na própria demagogia e nestas questões que roçam, inclusivamente aquilo que é ético".