Afeganistão: atentado com viatura armadilhada em Cabul causa pelo menos dez mortos

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Os taliban prometeram fazer tudo para impedir a realização das eleições Banaras Khan/AFP

"A explosão causou entre dez a 15 mortos, na maioria estrangeiros", adiantou o major Nasrullmenallah, da polícia afegã.

A explosão registou-se nas proximidades de uma empresa de segurança americana, a Dyncorps, situada no centro de Cabul e responsável pela segurança pessoal do Presidente afegão, Hamid Karzai. O Exército dos EUA já confirmou que pelo menos um americano, que trabalhava para a Dyncorps, está entre as vítimas mortais. A embaixada dos EUA está a avaliar a situação.

Segundo a Força Internacional de Assistência à Segurança, duas bombas foram colocadas no local, mas apenas uma explodiu.

De acordo com a televisão árabe Al-Jazira, o ataque foi reivindicado telefonicamente pela milícia taliban, que os EUA derrubaram do poder. "Recebemos duas chamadas telefónicas do mullah Jahan e do mullah Hakim, dois porta-vozes do movimento dos taliban, que reivindicaram o atentado e lamentaram ter atingido afegãos que passavam no local", adiantou a cadeia de televisão. Os taliban sublinharam que pretendiam atingir as forças americanas e não afegãos, acrescentou a Al-Jazira.

Um outro porta-voz da milícia fundamentalista confirmou a autoria do ataque em declarações à agência francesa AFP.

Também hoje, a explosão de uma bomba numa escola corânica da província de Paktia (Sudeste do Afeganistão) causou dez mortos, entre os quais quatro crianças.

Noutro incidente registado hoje, um veículo que transportava pessoal da comissão eleitoral afegã, também no Sudeste do país, foi atingido por um engenho armadilhado, mas não houve feridos. Segundo o porta-voz das Nações Unidas no Afeganistão, Manoel de Almeida e Silva, a viatura transportava o condutor e dois coordenadores locais e os primeiros dados fazem crer que terá sido atingida por uma bomba activada à distância.

A segurança no Afeganistão tem-se degradado, à medida que se aproximam as eleições presidenciais de 9 de Outubro. Desde o mês de Maio, doze pessoas que trabalhavam na organização do escrutínio presidencial foram assassinadas e mais de 30 ficaram feridas, segundo dados da ONU.

São 18 os candidatos às presidenciais de 9 de Outubro, sendo que o actual chefe de Estado, apoiado pelos EUA, deverá vencer o escrutínio. O antigo ministro da Educação Yunus Qanuni, apoiado pela Aliança do Norte (que derrubou os taliban, com a ajuda de Washington, no Outono de 2001), e Abdul Satar Sirat, governante durante a ocupação soviética e que viveu muito tempo no exílio, são dois possíveis candidatos a disputarem uma segunda volta com Karzai.

Hamid Karzai, 46 anos, conquistou popularidade e respeito no Ocidente, mas para muitos afegãos, incluindo os do grupo étnico maioritário pashtun, a que pertence, é visto como uma personalidade fraca e dependente do apoio estrangeiro, designadamente norte-americano.

O Afeganistão vai eleger um Presidente a 9 de Outubro, mas as eleições legislativas foram adiadas para Abril do próximo ano. O Governo do Presidente Hamid Karzai esperava poder realizar ambas as votações em Setembro, mas problemas financeiros, logísticos e de segurança determinaram o adiamento. As Nações Unidas comunicaram em Julho que o Afeganistão não dispõe dos fundos necessários para organizar correctamente as eleições gerais inicialmente marcadas para Setembro. Segundo as contas da ONU faltam 60 dos 78 milhões de dólares necessários para realizar o escrutínio presidencial e legislativo. O custo total da votação está estimado em 101 milhões de dólares.

O escrutínio vai ser supervisionado em conjunto pelas autoridades afegãs e por funcionários das Nações Unidas. A dois meses de distância, a principal preocupação é garantir a segurança e evitar episódios de violência. Os taliban (antiga milícia fundamentalista no poder) e outros grupos aliados já ameaçaram que vão fazer tudo para impedir as primeiras eleições livres afegãs.

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