Jorge Sampaio quer avanço na reforma da Justiça
O Chefe de Estado falava, ao início da tarde, no salão nobre dos Paços do Concelho de Campo Maior, na sessão solene de inauguração das Festas do Povo/2004, que decorrem naquela vila até ao próximo dia 5 de Setembro.
Depois de ser recebido em clima de festa pelos habitantes da vila alentejana, o presidente da República abordou, no seu discurso, os desafios que o país enfrenta no futuro, nomeadamente na área da Justiça.
Segundo Jorge Sampaio, os portugueses têm "o direito e o dever de poder esperar que na reforma da Justiça as boas vontades possam encaminhar-se", depois de "um ano e meio de tantas vicissitudes, de tantos mal-entendidos e de todas as controvérsias que gerou e vai continuar a gerar".
"É um choque termos apenas um terço das multas de trânsito que são cobradas, tal como é um choque os excessos de prisão preventiva ou não respeitar o Estado naquilo que ele tem de mais essencial" frisou.
Escusando-se a prestar declarações aos jornalistas no final da sessão, Jorge Sampaio deixou outros "recados" ao Governo durante o discurso, por exemplo no que toca à Lei de Finanças Locais, a qual considera estar "esgotada".
Segundo o Chefe de Estado, o primeiro grande desafio que se põe ao poder político é saber como é possível combinar a necessidade de umas finanças sadias com crescimento económico. O país, acrescentou, não pode "deixar de ter finanças públicas", ao mesmo tempo que "não pode deixar de crescer". "Esse é o dilema que eu julgo que é superável, combinando com arte, capacidade e inteligência aquilo que pode ser a resposta a este conjunto de problemas", sublinhou.
O combate às assimetrias entre o litoral e o interior do país foi outro dos desafios deixados pelo presidente da República, que lançou ainda um apelo aos alentejanos para que encontrem uma maneira de corresponder à nova organização administrativa do território, aprovada pelo executivo de Durão Barroso.
"O país precisa de um Alentejo forte. Esta região tem que ter mais voz, tem que ser mais ouvida, em Lisboa ou onde quer que seja, e ter eleitos mais fortes", incentivou.