Sudão: Rebeldes de Darfur boicotam negociações durante 24 horas
“Devido a estas violações graves, o SLM/SLA e o JEM [grupos rebeldes do Darfur] decidiram boicotar as negociações durante 24 horas para protestar contra os ataques contínuos que causam numerosas vítimas civis”, segundo um comunicado conjunto dos dois movimentos.
Ahmed Mohammed Tugod, porta-voz do Movimento para a Igualdade e Justiça (JEM), considerou que esta pausa, depois de seis dias de conversações, permitirá aos rebeldes “chorar aqueles que morreram esta manhã, ontem e anteontem”.
“Deveremos retomar as negociações no final dessas 24 horas”, acrescentou.
Shereef Harir, principal negociador do Movimento de Libertação do Sudão e dos Combatentes do Exército de Libertação do Sudão (SLM/SLA) confirmou que o seu grupo também se retira das negociações, o que anula a quinta sessão das conversações.
De acordo com Tugod, o boicote é uma forma de resposta a um ataque das forças governamentais sudanesas na povoação de Yassin, perto de Nyala, a Sul de Darfur, a 25 de Agosto. De acordo com os rebeldes, foram mortos 64 civis.
Por seu lado, os oficiais sudaneses desmentiram que tenha ocorrido algum incidente e a União Africana, que tem uma equipa no terreno, ainda não conseguiu confirmar essas informações.
“Existe um sistema de vigilância montado pela União Africana em Darfur. Não acreditamos que aquilo que foi contado hoje possa ser verdade”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Najeib Abdulwad.
As negociações começaram na segunda-feira sob a égide da União Africana e do Presidente nigeriano Olusegun Obasanjo, mas os avanços são meramente simbólicos.
As duas partes acusam-se de violações ao cessar-fogo decretado a 9 de Abril.
As Nações Unidas deram ao Governo do Sudão um prazo que acaba a 30 de Agosto para pôr um fim ao que dizem ser a pior crise humanitária do mundo.
As Janjawid, milícias pró-Governo, são acusadas de matar centenas de pessoas e forçar milhares a abandonarem as suas casas em Darfur desde que aqueles grupos rebeldes iniciaram a revolta contra Cartum, há 18 meses.
Jan Pronk, enviado especial das Nações Unidas a Darfur, visitou vários campos de refugiados e salientou que as pessoas estão muito assustadas e que denunciaram a continuação dos abusos dos direitos humanos.