Clima: Espanha ameaça fechar empresas que não cumpram Quioto
Este regime foi adoptado hoje em Conselho de Ministros e foi justificado pelo "atraso" acumulado no cumprimento do calendário previsto por Quioto, segundo María Teresa Fernández de la Vega, vice-presidente do Governo.
De acordo com a responsável, trata-se de recuperar o tempo perdido e "preservar ao máximo os interesses económicos do nosso país, a actividade das empresas e, acima de tudo, a comodidade dos cidadãos", disse, citada pela edição online do jornal "El Mundo".
Como complemento ao regime de sanções aprovado hoje, o Governo deverá adoptar para a semana um Plano de atribuição de quotas de emissões que determinará para 2005-2007 os direitos de emissões de GEE para os industriais, com o objectivo de fazer respeitar os compromissos da Espanha no âmbito do Protocolo de Quioto.
Desde Junho que o Governo socialista, que assumiu o poder em Abril, realiza conversações com industriais, nomeadamente no sector eléctrico, para definir as suas obrigações.
O regime de sanções anunciado hoje quase satisfez os ecologistas que, como Ladislao Martinez, porta-voz do movimento Ecologistas em Acção, consideram que "uma multa de dois milhões, para uma central térmica de doze mil megawatts que factura duas vezes mais essa quantia por dia, é ridículo".
Em contrapartida, a ameaça de encerramento das unidades que ultrapassem em muito o seu direito a poluir parece-lhes "mais razoável porque é mais proporcionável".
No âmbito do Protocolo de Quioto, a Espanha obteve o direito de limitar em 15 por cento (a níveis de 1990) as suas emissões de dióxido de carbono (CO2) e de outros cinco GEE entre 1990 e 2012. Mas as perspectivas de respeitar esse limite parecem estar muito longe, tendo em conta o actual ritmo de progressão das emissões, que atingiu 41 por cento em 2003. Segundo os ecologistas, a solução parece ser a compra de direitos de emissão no mercado internacional.