Najaf: Sadr restituiu a Sistani controlo do mausoléu de Ali

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A calma começa a regressar à cidade, após semanas de combates Mohammed Messara/EPA

"Moqtada Sadr transmitiu oficialmente o mausoléu à Marjaiya", a instância religiosa máxima xiita, declarou o xeque Hassan al-Husseini, membro da delegação enviada por Sistani ao mausoléu.

Segundo o responsável, a entrega das chaves ocorreu cerca das 13h30 (10h30 em Lisboa), tendo os representantes do líder radical xiita abandonado de imediato o mausoléu. As portas do mausoléu voltaram a ser encerradas, para a limpeza do local, ocupado durante cinco meses pela milícia de Sadr.

Os responsáveis da Marjaiya pretendem agora contabilizar os danos provocados pelas semanas de combates entre a milícia de Sadr e os militares americanos e avaliar se os bens e as relíquias guardados no interior do mausoléu não foram retirados. Só depois o local de culto será reaberto aos milhares de peregrinos que diariamente o visitam.

O mausoléu, um enorme complexo situado na parte antiga de Najaf, é um dos locais mais venerados pelos xiitas de todo o mundo por, segundo a tradição, aí estar sepultado Ali, genro do Profeta Maomé e primeiro imã do xiismo.

Milicianos recusam entregar armas às autoridades

Ao abrigo do mesmo acordo, dezenas de habitantes de Najaf, que nas últimas semanas combateram às ordens de Sadr, começaram esta manhã a reunir o armamento pesado - incluindo metralhadoras kalachnikov, obuses e "rockets" - mas recusam-se a entregá-lo às autoridades.

"Os milicianos vão reubnir as armas em local secreto, mas não as vão entregar à polícia ou ao Exército iraquiano", declarou Ahmad Chaibani, porta-voz de Moqtada Sadr. "Os americanos querem exterminar o Exército de Mahdi [nome da milícia liderada por Sadr], mas os nossos combatentes, apesar de regressarem aos seus trabalhos, vão continuar prontos para a luta", sublinhou.

Por seu lado, a polícia iraquiana garantiu que, apesar dos combates terem cessado, não foram entregues quaisquer armas nos postos criados para o efeito.

O acordo proposto por Sistani e aceite pelas duas partes estipula que Najaf e a vizinha cidade de Kufa "são zonas livres de armas" e "todos os elementos armados deverão abandoná-las para não mais regressar", o que subentendia o desarmamento do Exército de Mahdi.

O mesmo entendimento estipulava que "a polícia iraquiana é responsável pelo restabelecimento da segurança e da paz na cidade". Contudo, em nenhum ponto do acordo se afirma que as armas devem ser entregues às autoridades, o que poderá pôr em causa a trégua.

Em Junho passado, um acordo semelhante estipulava que os combatentes armados deveriam abandonar Najaf, mas tal nunca sucedeu e dois meses depois os confrontos regressaram à cidade.

Polícia encontra corpos no tribunal de Sadr

Entretanto, a polícia iraquiana anunciou ter encontrado 25 corpos, em muitos casos mutilados, na cave da casa onde Moqtada al-Sadr criou um tribunal islâmico. Acredita-se que as vítimas terão sido acusadas de colaboracionismo com os EUA e executadas à ordem do tribunal.

Segundo o general Amer Hamza al-Daami, chefe adjunto da polícia local, a maioria das vítimas são polícias, mas há também vários civis. "Alguns foram executados a tiro, outros mutilados e outros ainda queimados", explicou, em declarações à AFP.

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