Manuel Alegre: secretário-geral "deve ser alguém que desperte e mobilize as consciências"
"O PS, como principal partido da esquerda, deve lutar por uma maioria absoluta e não deve fazer coligações pré-eleitorais. Mas também deve dizer aos portugueses o que fará se não a tiver. E não me venham aqui com posições de fé: isso não é a esquerda moderna, isso não tem nada a ver com a racionalidade tão necessária em política. Tenho a obrigação de dizer aos portugues o que farei se não tiver maioria absoluta".
Quanto a José Sócrates, Alegre afirmou que ele "não quer dizer aquilo que irá fazer porque no fundo ele não quer fazer alianças à esquerda. Ou, se as fará, também não sei porque não o diz".
O histórico do PS assumiu ainda que mudou de ideias no que toca à eleição do secretário-geral socialista. Se há cinco anos pensava que se devia voltar ao sistema de eleição por congresso, Alegre considera agora que "a eleição directa é positiva".
Questionado sobre a hipótese de a identidade do PS como partido de esquerda estar em perigo, Alegre respondeu que "no PS, há riscos de neo-situacionismo". "Estamos a caminho de um sistema em que há um partido no Governo e depois outro que faz o papel de oposição. Não quero um neo-situacionismo nem um neo-rotativismo entre dois partidos não muito diferentes que se sucedem no poder com políticas muito parecidas. O PS deve ser uma alternativa de esquerda", explicou.
Sobre a actuação política do ex-primeiro-ministro socialista António Guterres, Alegre afirmou que "no segundo Governo de Guterres faltou orientação, faltou estratégia, faltou capacidade de decisão: por isso mesmo ele demitiu-se, para não ficar numa situação que ele próprio classificou de pantanosa".