Rússia: caixas negras dos dois aviões estão muito danificadas
Igor Levitin, ministro dos Transportes e chefe da comissão de inquérito governamental, afirmou que "continua a não existir uma visão clara do que aconteceu, já que a decifração das caixas negras está ainda em curso".
Um outro responsável do grupo governamental, que hoje se deslocou ao local onde um dos aviões caiu, revelou que "as fitas magnéticas das caixas negras estão muito danificadas", o que está a dificultar o trabalho dos investigadores. Oleg Ermolov explicou que os peritos estão a tentar colar os vários pedaços dos registos para tentar perceber o que aconteceu. "O tempo da decifração irá depender do estado das fitas. Imaginem a diferença entre ter uma folha de papel rasgada em duas ou em cem", explificou.
Versão diferente tem Vladimir Iakovlev, enviado do Presidente Vladimir Putin à região de Don, onde caiu o segundo avião, que, em declarações à televisão pública russa, disse que o exame às caixas não permitiu "obter qualquer informação". O responsável revelou que as caixas negras terão "deixado de funcionar antes da queda dos aviões", o que, a confirmar-se, poderia reforçar a tese de atentado — até agora não assumida oficialmente.
Instado a comentar estas afirmações, o ministro dos Transportes limitou-se a dizer que Iakovlev não integra a comissão governamental.
Até agora, as autoridades russas recusam-se a descartar as hipóteses de erro humano ou falha técnica, mas o facto de os dois aviões terem partido do mesmo aeroporto e de terem desaparecido dos radares com apenas três minutos de diferença reforça a ideia de atentado. As suspeitas são maiores, dado que o desastre ocorreu cinco dias antes das eleições na Tchetchénia que os guerrilheiros independentistas, autores de anteriores atentados, prometeram boicotar.
Um dos aviões, um Tupolev 134, desapareceu dos radares quando se dirigia de Moscovo para Volgogrado, cidade situada no sul da Rússia. O avião, com 43 pessoas a bordo, acabou por se despenhar perto de Tula, a cerca de 180 quilómetros da capital. Várias testemunhas garantem que se registou uma explosão antes de o aparelho se ter despenhado.
O segundo avião, um Tupolev 154 que voava de Moscovo para Sotchi, estância balnear do mar Negro, com 46 pessoas a bordo, desapareceu dos radares cerca de três minutos depois do primeiro aparelho e despenhou-se numa zona de estepes, perto da cidade de Rostov no Don.