"Doping": Kenteris e Thanou autorizados a competir enquanto decorre investigação

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Kenteris poderá ser suspenso por um ano John G. Mabanglo/EPA

Os dois velocistas não se encontravam na Aldeia Olímpica quando, no dia 12 de Agosto, um oficial do Comité Olímpico Internacional (COI) os procurou para um controlo “antidoping” de surpresa (os atletas são obrigados a informar as autoridades sobre os locais onde vão permanecer e velocistas os gregos são reincidentes neste tipo de problemas). Já de noite, foi noticiado que Kenteris e Thanou sofreram um acidente quando tentavam regressar aos seus aposentos e foram hospitalizados, incidente com estranhos contornos e que levou à abertura de uma investigação judicial.

Quando foram ouvidos pelo COI, os gregos anteciparam-se a uma provável expulsão anunciando a retirada. No entanto, o organismo olímpico remeteu o caso para a IAAF, cujo conselho se reuniu hoje e abriu um inquérito, “com o objectivo de estabelecer se existem provas suficientes para acusar alguém de violação das regras antidopagem”. “Se tais provas existirem, serão instituídos procedimentos disciplinares”, refere a federação em comunicado. “Este processo inicia-se imediatamente. Pode levar algumas semanas ou alguns meses, mas é considerado prioritário. Haverá uma reunião do conselho no início de Dezembro e penso que este inquérito estará resolvido até essa altura”, explicou o porta-voz Nick Davies em conferência de imprensa, revelando que “os atletas não estão suspensos, continuam elegíveis para competir”.

Se a IAAF considerar que há provas fortes contra Kenteris, Thanou e o treinador Christos Tzekos, o caso será remetido para a Federação Grega de Atletismo, para realizar audiências aos visados e estabelecer possíveis sanções. Segundo os regulamentos antidopagem no atletismo, quem faltar a três controlos em 18 meses é suspenso por um ano e os dois “sprinters” são acusados de terem cometido violações das regras em Atenas 2004; em Chicago, durante uma sessão de treinos marcada para 10 e 11 de Agosto e encurtada subitamente; e em Telavive, no final de Julho.

Nick Davies garantiu ainda que a IAAF considerará como provas todas as informações recolhidas durante a investigação decretada pelo procurador-geral Dimitris Papangelopoulos. Os primeiros indícios recolhidos pelos investigadores, incluindo pelo perito médico Philippos Koutsaftis, apontam para que o acidente tenha sido forjado, para a falta de credibilidade das testemunhas e para o empolamento dos boletins clínicos emitidos pelo hospital KAT.

O inquérito judicial tem incidido também sobre Tzekos, cuja empresa de suplementos nutricionais foi alvo de várias buscas por parte da polícia, das autoridades de segurança sanitárias e das finanças, tendo sido encontradas amostras de anabolisantes e inúmeras embalagens de produtos com o estimulante efedrina. A empresa de Tzekos é suspeita também de ter recebido ilegalmente um milhão e meio de euros em subsídios atribuídos pelo anterior Governo.

Ontem, Papangelopoulos recebeu informações recolhidas pelos procuradores dos EUA responsáveis pela investigação à Balco - laboratório acusado de ter desenvolvido a tetrahidrogestrinona (THG), esteróide sintético responsável por um terramoto recente no atletismo norte-americano. Segundo o jornal californiano "San Jose Mercury News", por entre os documentos do inquérito que decorre nos EUA há um “e-mail” do presidente da Balco, Victor Conte Jr., enviado a um técnico norte-americano, abordando a necessidade de avisar o treinador de Kenteris e Thanou de que as autoridades antidopagem tinham desenvolvido uma forma de detectar a THG.

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