Queda de dois aviões na Rússia: tese de atentado terrorista ganha força
Um Tupolev 134 desapareceu dos radares quando se dirigia de Moscovo para Volgogrado, cidade situada no sul da Rússia. O avião acabou por se despenhar perto de Tula, a cerca de 180 quilómetros da capital. Várias testemunhas garantem que se registou uma explosão antes de o aparelho se ter despenhado.
O segundo avião, um Tupolev 154 que voava de Moscovo para Sotchi - estância balnear do Mar Negro onde o Presidente Putin está a passar férias -, desapareceu dos radares cerca de três minutos depois do primeiro aparelho e despenhou-se numa zona de estepes, perto da cidade de Rostov no Don.
As equipas de resgate começaram imediatamente as operações de socorro, mas depressa constataram que nenhum dos passageiros, nem nenhum membro das tripulações dos dois aviões sobreviveu.
As caixas negras dos Tupolev foram recuperadas pelas autoridades durante a manhã de hoje e o seu estudo pode lançar luz sofre as causas desta tragédia sem precedentes na história da aviação russa.
Porém, a versão de que se tratou de uma acção terrorista ganha cada vez mais força. Além de pessoas terem testemunhado a explosão no primeiro avião, a companhia aérea Sibir, a quem pertenciam os aparelhos, confirmou oficialmente que "antes da queda do Tupolev 154, foi emitido do aparelho um sinal de que o avião tinha sido desviado".
As autoridades russas ainda não reconhecem esta versão, tendo aberto um processo de investigação em conformidade com o artigo 263 do Código Penal da Rússia que fala de "crime contra a segurança do movimento e exploração de transportes".
Porém, Vladimir Putin incumbiu o Serviço Federal de Segurança da Rússia (antigo KGB) de esclarecer as causas da tragédia, o que constitui mais um indício de que o Kremlin receia estar perante mais um acto terrorista.
O dedo deverá ser apontado aos separatistas tchetchenos, embora nenhum dos sítios na Internet da guerrilha tenha reivindicado o atentado. O Kavkazcenter apenas constata que "na Rússia, os aviões civis caem tal como os aviões militares".
Porém, no início do mês de Agosto, Aslan Maskhadov, comandante supremo da guerrilha, declarou, numa entrevista ao mesmo sítio, que os seus homens iriam levar as suas acções "para além da Tchetchénia, dentro da própria Rússia".
Por isso, hipotéticas acções terroristas contra os aviões civis poderão ser interpretadas como uma forma de a guerrilha tchetchena protestar contra as eleições presidenciais extraordinárias, que vão ser organizadas por Moscovo na república rebelde do Cáucaso no próximo domingo.
Não obstante todas as medidas de segurança da parte do Kremlin para prevenir acções de guerrilha, os separatistas lançaram, no sábado passado, uma forte ofensiva contra a cidade de Grozni, capital da Tchetchénia. Nos combates, as tropas de Moscovo perderam dezenas de soldados.