Redondo: GNR detém dois manifestantes e garante fecho do centro de Saúde
Em declarações à agência Lusa, o Comando de Évora da GNR adiantou que os dois homens, de 30 e 41 anos de idade, saíram entretanto em liberdade, sob termo de identidade e residência, depois de constituídos arguidos pelo Ministério Público, num inquérito que vai agora correr em tribunal.
"Os dois homens resistiram à ordem da GNR para a dispersão dos manifestantes, pelo que foram detidos", justificou.
A GNR garante que as manifestações populares, que desde dia 16 têm ocorrido junto ao centro de Saúde do Redondo, Évora, contra a alteração do horário do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) daquela unidade, por parte da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, são ilegais.
"As manifestações não estão autorizadas pela entidade competente para o efeito [Governo Civil] e a GNR, depois de solicitação da sub-região de Saúde distrital, reforçou o seu dispositivo na terça-feira, para garantir o encerramento do SAP à hora estabelecida, ou seja, às 21h00", disse.
A reorganização do horário do SAP do Redondo tem estado envolvida em polémica e contestação popular desde 16 de Agosto, dia em que deveria ter entrado em vigor.
A decisão prevê o encerramento do SAP às 21h00, em vez das 24h00, sendo que, em compensação, passa a funcionar a partir das 09h00, ao invés de abrir apenas às 12h00.
Descontentes com a situação, todas as noites, desde há mais de uma semana, os habitantes do Redondo têm-se concentrado junto ao centro de Saúde e impedido o seu encerramento às 21h00, abandonado apenas o local às 24h00.
Um dispositivo de várias dezenas de elementos do Grupo Territorial de Évora da GNR conseguiu, ontem, pela primeira vez, que as urgências fossem fechadas às 21h00, apesar do protesto, no local, de cerca de 700 pessoas.
"Montámos um dispositivo de várias dezenas de elementos, considerado adequado para garantir a segurança do pessoal médico e funcionários, o que permitiu o encerramento do SAP, sem confrontos ou alteração da ordem pública", disse o mesmo oficial da GNR.
A detenção dos dois indivíduos terá sido mesmo, segundo a força policial, o único incidente de relevo na manifestação, a qual acabou por "dispersar, algum tempo depois, sem complicações de maior".
A ARS Alentejo, em conjunto com a sub-região de Saúde de Évora, já justificou que o novo horário do SAP tem por base "critérios técnicos, clínicos e de bom-senso", para assegurar uma "melhor qualidade dos serviços de saúde" prestados aos utentes.
A autoridade de Saúde diz "não compreender" os protestos e, terça-feira, num novo comunicado, admitiu que, caso as manifestações continuem, poderá mesmo vir a optar pelo encerramento do SAP.
Além disso, a ARS frisou ter solicitado a presença da GNR no local e colocado seguranças no interior do edifício, depois de os médicos terem declarado por escrito "não reunir condições para a prestação de um serviço de qualidade".
A população e o executivo camarário (de maioria CDU) do Redondo contestam a decisão da ARS e recusam que os doentes urgentes, no período entre as 21h00 e as 24h00, fiquem sem assistência médica e tenham de deslocar-se a Évora (cerca de 35 quilómetros de distância) para serem atendidos.