"Conseguimos trazer a Monserrate o fim de uma história de decadência. A sua memória está presente e tenho a certeza que muita gente vai regressar para olhar o jardim fantástico e visitar o palácio", disse Fernando Seara, durante uma visita ao monumento.
Realizada pela autarquia e pela empresa municipal Monte da Lua, a primeira fase de recuperação do palácio arrancou em Janeiro com obras no exterior e nas coberturas do edifício para resolver os problemas mais graves de segurança estrutural e de infiltrações de água.
"Era preciso criar condições estruturantes para podermos passar à fase da recuperação do interior do palácio, que terá início logo que o programa funcional fique concluído. O custo será de 3,8 milhões de euros e a obra deverá estar pronta dentro de três anos", disse o presidente da empresa Monte da Lua, António Abreu (PCP), também presente na visita.
Visitas limitadasSegundo o mesmo responsável, as visitas ao palácio vão por enquanto ter de ser limitadas, ou seja, duas vezes por dia com dez pessoas de cada vez, devido "à delicadeza das estruturas e a questões de segurança".
"Pretendemos uma utilização destas salas que respeite o espírito deste palácio e tenha a ver com a sua arquitectura e paisagem. Não queremos transformar isto numa espécie de feira", disse António Abreu. Para tal, foi já criada uma comissão consultiva com técnicos e especialistas de diferentes áreas.
Segundo o engenheiro municipal João Appleton, "a intervenção agora concluída era urgentíssima", até porque, de acordo com um estudo prévio de diagnóstico, existiam "danos muito profundos em quase todo o edifício".
"Verificou-se que o torreão central do edifício já estava a ceder e havia muitas infiltrações de água da chuva", que provocaram fissuras e apodrecimento de madeiras, explicou.
O edifício passou a ter um novo revestimento com a telha romana, expressamente fabricada para o palácio, usando como moldes as poucas telhas existentes no edifício.
Obras em 2001 pararam por falta de verbasAntónio Abreu lembrou ainda que houve uma intervenção no Palácio de Monserrate em 2001, mas que foi logo interrompida por falta de verbas.
João Rodeia, do Instituto Português do Património Arquitectónico, afirmou que aquela entidade "está disponível para colaborar" na recuperação "a todos os níveis" da paisagem de Sintra.
Além desta reabilitação, foram ainda realizadas intervenções paisagísticas na envolvente de forma a valorizar a presença do palácio na paisagem da serra de Sintra.
Verdadeiro testemunho da arquitectura romântica, o Palácio de Monserrate deve o seu nome a uma pequena ermida ali edificada por Frei Gaspar Preto, em 1540.
Votada ao abandono, a propriedade foi adquirida em 1856 pelo rico comerciante inglês Francis Cook, que recorrendo aos serviços do arquitecto James Knowles Jr. construiu um novo palácio de traça orientalizada com motivos revivalistas e mandou plantar o Parque de Monserrate, considerado um dos mais belos do país pelas centenas de espécies de plantas que possui.