RTP desdramatiza perda de jogos da Superliga
"Não há nenhum dramatismo nisto", disse ao PÚBLICO Almerindo Marques, presidente da RTP. "É preciso eliminar o lugar comum de que o futebol é serviço público". De acordo com o presidente, a transmissão dos jogos do campeonato nacional não é serviço público, tratando-se apenas de um assunto de interesse público, cuja relevância considera muito inferior, por exemplo, à dos encontros em que participa a selecção nacional.
"Uma coisa é servir os interesses dos apoiantes do Sporting, ou do Porto, outra coisa é servir os interesses da globalidade das pessoas, que se revêem na selecção nacional", afirmou, recordando que a RTP conseguiu garantir os direitos de transmissão dos jogos das selecções portuguesas de futebol até 2006.
"A RTP é uma entidade como as outras, não está necessariamente associada ao futebol", sublinhou. "Fizemos duas propostas à Sport TV, mas viemos a saber que havia outras superiores."
Segundo a edição de ontem do jornal "24 Horas", a RTP ofereceu cinco milhões de euros (um milhão de contos), tendo sido ultrapassada pelos cerca de sete milhões de euros (1,4 milhões de contos) apresentados pela TVI. O "Correio da Manhã" fala de valores superiores (seis milhões de euros para a proposta da RTP e sete milhões para a da TVI).
"A RTP é uma estação pública e não se pauta exclusivamente por critérios de audiências", afirmou o seu presidente. O certo é que, no ano de 2003, os programas mais vistos na televisão portuguesa foram jogos de futebol, encontrando-se em quinto e sexto lugares dois dos jogos da Superliga transmitidos pela RTP (Benfica-FC Porto, e FC Porto-Sporting, respectivamente). No mesmo ano, a quota média de audiência da estação pública foi de 23,8 por cento, tendo aumentado significativamente nos dias de transmissão dos jogos, em que rondou os 27,3 por cento.
Almerindo Marques frisou ainda que esta foi apenas a segunda vez que se negociaram os direitos de transmissão dos jogos da Superliga, e que a RTP fez questão de que as três entidades interessadas (SIC, TVI, e a própria estação pública) interviessem, para que fosse "uma operação de mercado de compra e venda".