Candidatura de José Sócrates à liderança reclama-se fiel à história do PS
Discursando perante cerca de 150 militantes socialistas, numa sessão de apresentação das linhas gerais da moção que revelará dia 25, quando da formalização da sua candidatura a líder, José Sócrates voltou a criticar os que o acusam de querer descaracterizar o PS, afirmando que estes "estão a sonhar com ladrões e fantasmas".
"Em termos de posicionamento político, não somos nem a terceira via nem a esquerda do centro, somos fiéis à história do PS", disse José Sócrates.
"Não sejamos nós a inventar um problema que nenhum português vê no PS. Somos o partido de Mário Soares, Vítor Constâncio, Jorge Sampaio, António Guterres e Ferro Rodrigues", disse.
O candidato formulou ainda uma "demarcação clara da direita, porque somos por um modelo social que considera a liberdade e igualdade como valores fundamentais".
Na sua moção, intitulada "uma esquerda moderna para os desafios do nosso tempo", José Sócrates aponta como "principal tarefa" o dever de o PS se mostrar como alternativa política ao actual Governo. "Isto significa ser combativo, fazer oposição, não significa esperar que o Governo se desgaste para então irmos para lá", afirmou.
Entre as diversas alternativas à actual política, José Sócrates proclamou a defesa dos serviços públicos, reclamando ainda para o PS o estatuto de "campeão das políticas sociais".
No capítulo das autarquias, Sócrates defendeu que se desligue o financiamento destas das licenças de construção, permitindo "parar a onda de betão" e dando prioridade à qualidade de vida.
"Não é possível que as receitas próprias (das autarquias) estejam tão dependentes da construção. Isto torna o nosso país mais feio. Temos de encontrar um modelo alternativo, o mau urbanismo é consequência dos actuais modelos de financiamento", criticou.
José Sócrates prometeu ainda "restaurar o espírito dos Estados Gerais", frisando que o PS "não tem destinatários preferenciais".
A pretensão do candidato a líder dos socialistas passa por "atrair" para o partido as "classes mais dinâmicas da sociedade", nomeadamente os independentes, embora não tenha revelado qual a fórmula a adoptar.
À margem da sessão, José Sócrates criticou a anunciada contratação de pessoal para diversos cargos de apoio a membros do Governo, classificando-a como "vergonhosa e chocante".