Associação Saúde em Português promove cidadania e igualdade no Baixo Mondego
Intitulado "Ser Hoje Mulher", o projecto pretende "alertar, sensibilizar e orientar para situações de saúde ou do domínio social". Nos próximos 18 meses, vão ser promovidas acções de sensibilização para a promoção da igualdade entre homens e mulheres, destinadas principalmente a duas centenas de mulheres trabalhadoras, portuguesas e estrangeiras.
Haverá ainda iniciativas destinadas a empresários de duas dezenas e meia de companhias dos concelhos de Coimbra, Penacova, Cantanhede, Montemor-o-Velho, Condeixa-a-Nova e Soure. Professores, alunos, pais e educadores também serão abrangidos pelo projecto.
"Ser hoje mulher, no trabalho" é o tema desta vertente do projecto, que vai apostar na integração das mulheres imigrantes, já que a associação considera que esta intervenção é prioritária. "Constatámos que, no seio dos imigrantes, era entre as mulheres que havia maiores dificuldades e que era preciso divulgar capacidades e oportunidades", explicou o presidente da organização não governamental, Hernâni Caniço.
A associação destaca o "papel-chave da mulher" nas comunidades imigrantes marcadas pela desinserção e o seu "papel agregador" num meio em que a rede social de apoio é mais frágil. "Existe uma necessidade de intervenção na área dos imigrantes que trabalham em Portugal. Os que estão legalizados têm algumas dificuldades no acesso aos serviços a que têm direito. Relativamente aos que não se encontram legalizados, gostaríamos de os sensibilizar para as vantagens da legalização", adiantou Caniço.
O projecto vai contar com a colaboração da Associação para o Planeamento da Família (APF) e do Instituto Pedro Nunes (IPN). Nos termos da parceria, a APF será incumbida da realização de acções nas escolas para professores, pais, educadores e alunos sobre planeamento familiar, educação sexual e familiar, cuidados de saúde da mulher e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, enquanto o IPN irá assegurar o estudo das necessidades de actuação nesta área, identificando os públicos-alvo na região centro.
"Em função da boa execução do projecto, esperamos criar um gabinete de apoio social, que possa garantir aos imigrantes, sobretudo às mulheres, orientação e encaminhamento", adiantou o presidente da Associação Saúde em Português.
Segundo Hernâni Caniço, este gabinete "não seria uma estrutura paralela para atender cidadãos de segunda linha", mas uma unidade que integre instituições públicas e privadas, com cuidados médicos e sanitários e orientação social, para responder às necessidades imediatas, urgentes ou não, destes grupos.
Dados relativos ao distrito de Coimbra apontam para a existência de cerca de dez mil imigrantes, oriundos sobretudo dos países da Europa de Leste, um número que, há cinco anos, se situava apenas nos 4500.
O campo específico de actuação da Saúde em Português é a realização de acções de sensibilização nas empresas para mulheres portuguesas e imigrantes, nos domínios da educação para a saúde, planeamento familiar, integração social, conciliação entre a vida profissional e familiar, doenças transmissíveis e sistemas de apoio à saúde feminina.
"Ser Hoje Mulher" arranca com a primeira acção de sensibilização, sobre educação sexual na escola, no dia 30 de Setembro, no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, sendo esperados oito dezenas de participantes. O projecto foi aprovado pela Comissão para a Igualdade e Direitos das Mulheres.