Candidatos da oposição demarcam-se de ultimato feito a Hamid Karzai

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Karzai é o claro favorito à vitória nas presidenciais de Outubro EPA

O ultimato foi feito hoje por Abdul Satar Sirat, um dos rivais do Presidente nas próximas eleições, que afirmava falar em nome dos 17 candidatos da oposição, descontentes com o alegado uso de serviços públicos em benefício da candidatura de Karzai.

"Os candidatos presidenciais exigem unanimemente a sua demissão", afirmou Sirat, acrescentando que Hamid Karzai se "deve demitir dentro de uma semana". Se se tal não acontecer, os 17 candidatos às presidenciais "vão boicotar a eleição", garantiu.

Contudo, quatro destes adversários, questionados pela AFP, garantiram que não apoiaram este ultimato. "Há uma norma internacionalmente reconhecida: o Presidente cessante pode ser candidato. Qualquer outra coisa criaria um vazio de poder", afirmou Homayoon Shah Asifi, um dos candidatos.

Também Masooda Jalal, Abdul Hadi Khalizai e Ghulam Farooq Nijrabi afirmaram que não estão de acordo com o ultimato lançado a Karzai.

A ameaça proferida por Sirat foi feita no final de um encontro que reuniu em Cabul as 17 candidaturas da oposição, naquela que foi a primeira iniciativa conjunta contra Karzai.

Em cima da mesa esteve também a possibilidade de constituir uma frente conjunta contra o actual chefe de Estado, claro favorito a confirmar nas urnas o cargo para que foi nomeado há dois anos pela grande assembleia (Loya Jirga) de líderes tribais afegãos. No entanto, vários analistas consideram difícil a concretização desta frente comum devido às barreiras étnicas que dividem profundamente a política e a sociedade afegã e que costumam resultar na dispersão de votos.

Hamid Karzai, 46 anos, conquistou popularidade e respeito no Ocidente, mas para muitos afegãos, incluindo os do grupo étnico maioritário pashtun, a que pertence, é visto como uma personalidade fraca e dependente do apoio estrangeiro, designadamente norte-americano.

O Afeganistão vai eleger um Presidente a 9 de Outubro, mas as eleições legislativas foram adiadas para Abril do próximo ano. O Governo do Presidente Hamid Karzai esperava poder realizar ambas as votações em Setembro, mas problemas financeiros, logísticos e de segurança determinaram o adiamento. As Nações Unidas comunicaram em Julho que o Afeganistão não dispõe dos fundos necessários para organizar correctamente as eleições gerais inicialmente marcadas para Setembro. Segundo as contas da ONU faltam 60 dos 78 milhões de dólares necessários para realizar o escrutínio presidencial e legislativo. O custo total da votação está estimado em 101 milhões de dólares.

Num total de dez milhões de potenciais eleitores, 5,5 milhões de afegãos estavam inscritos nas listas eleitorais no mês passado, a um ritmo de cerca de 100 mil por dia. A percentagem de mulheres que já se recensearam situava-se, na mesma data, nos 38 por cento.

O escrutínio vai ser supervisionado em conjunto pelas autoridades afegãs e por funcionários das Nações Unidas. A dois meses de distância, a principal preocupação é garantir a segurança e evitar episódios de violência. Os taliban (antiga milícia fundamentalista no poder) e outros grupos aliados já ameaçaram que vão fazer tudo para impedir as primeiras eleições livres afegãs.

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