Washington reconhece vitória de Chávez

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Chávez recusou permitir que a Venezuela seja "uma colónia americana" Miraflores/EPA

"Os EUA reconhecem os resultados preliminares do referendo e nota que eles revelam que o Presidente Chávez recebeu o apoio de uma maioria dos eleitores", declarou o porta-voz adjunto da diplomacia americana, Adam Ereli.

Simultaneamente, Washington apelou ao povo e ao Governo venezuelanos para que avancem agora na boa direcção, sublinhando que a consulta popular pôs fim à crise política no país, e aproveitou para recordar as queixas apresentadas pela oposição sobre alegadas fraudes eleitorais. "Continuam a haver preocupações sobre questões relativas à votação", realçou o porta-voz, pedindo aos observadores internacionais para realizarem "uma auditoria transparente" sobre o assunto.

Washington tem criticado o estilo populista de Chávez, que tem manifestado algumas posições anti-EUA e pró-Fidel Castro. Apesar disso, a Venezuela continua a ser um dos principais fornecedores de petróleo aos EUA.

Curiosamente, o grupo dos países amigos da Venezuela, entre os quais estão os EUA, publicou hoje um comunicado onde conclui que o referendo foi "transparente" e significou um "importante passo para a reconciliação nacional". Portugal e Brasil também fazem parte deste grupo.

Por seu lado, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, apelou aos venezuelanos que participem num "diálogo construtivo", prometendo que a organização continuará a apoiar a "procura de uma solução pacífica para as divergências políticas".

Também a principal organização patronal venezuelana, que participa activamente na oposição ao Presidente, reconheceu a vitória de Chávez, reconhecendo que não conseguiu "passar a mensagem".

Esta posição, enunciada pelo presidente da Fedecamaras, Albis Muñoz, é um duro golpe para a oposição, que reclama uma nova consulta, alegando que o referendo de domingo está cheio de ilegalidades. Pedro Carmona, que se autoproclamou Presidente na sequência do golpe de Estado falhado de Abril de 2002 contra Chávez, era, na altura, presidente da Fedecamaras.

Ainda assim, Munõz pediu ao conselho nacional eleitoral para "esclarecer as dúvidas", de forma a "gerar a confiança no país".

A vitória de Chávez no referendo — que perguntava aos eleitores se concordavam com a revogação do mandato presidencial (58,25 por cento responderam que não) — foi confirmada ontem pela Organização dos Estados Americanos e pelo antigo Presidente dos EUA Jimmy Carter, que teve o estatuto de observador da consulta.

Depois de os Estados Unidos se terem recusado a reconhecer a sua vitória no referendo, Chávez reagiu, rejeitando a ideia da Venezuela como "uma colónia americana". "Enviámos uma mensagem ao povo dos Estados Unidos e ao seu Governo: não temos nenhum plano para atacar Washington. Não temos nenhum plano para fazer sofrer o seu povo, nem o seu Governo, mas que conste que queremos ser livres", continuou Chávez. "Queremos ter com os Estados Unidos uma relação equilibrada, como tínhamos com o ex-Presidente Clinton", afirmou Chávez, acrescentando que "pelo menos" com o anterior inquilino da Casa Branca podia conversar.

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