EUA pedem inquérito às denúncias de fraude na Venezuela
“Encorajamos o Conselho Nacional de Eleições a autorizar um inquérito transparente, para responder a todas as interrogações e garantir aos cidadãos venezuelanos que o referendo foi livre e justo”, afirmou Tom Casey, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.
A declaração foi proferida pouco depois dos observadores internacionais terem confirmado os resultados oficiais, que atribuíram 59 por cento dos votos ao “não” à destituição de Chávez, garantindo não ter detectado incidentes que ponham em causa a validade da consulta popular.
Apesar de saudar o trabalho dos observadores internacionais – encabeçados pelo Centro Carter e pela Organização de Estados Americanos –, a diplomacia norte-americana recusa-se a acatar de imediato as suas conclusões, considerando prioritário apurar a verdade sobre as denúncias da oposição.
Casey sublinha que as informações disponíveis, apesar de apontarem para alguns incidentes, “não sugerem um padrão alargado de fraudes ou um problema de abusos”. Ainda assim, o Departamento de Estado considera que a investigação das denúncias feitas pela oposição é importante para pacificar a dividida sociedade venezuelana. Sinal desta divisão foram os incidentes registadosjá hoje em Caracas entre apoiantes da oposição e do Presidente, que resultaram na morte de uma pessoa.
Esta madrugada, a CNE da Venezuela anunciou que 58,25 por cento dos eleitores votaram no "não" à revogação do mandato presidencial, contra 41,74 que defenderam a partida imediata de Chávez.
Contudo, a oposição recusa a reconhecer a vitória do "não", insistindo que houve "fraudes eleitorais" e "manipulação grosseira" dos resultados. Segundo os partidos que formam o bloco anti-Chávez, o "sim" à destituição do chefe de Estado totalizou 59 por cento dos votos contra os 40,6 por cento do não, em clara contradição com os resultados oficiais.
A contestação ao Presidente promete assim continuar, apesar dos mercados internacionais terem reagido com agrado ao resultado do referendo. Esta manhã, o preço do petróleo, de que a Venezuela é o quinto produtor mundial, registou uma quebra ligeira, que esta situação pode anular.