"Cimeira de Terroristas" realizou-se em Março no Paquistão, diz a revista "Time"
Citando o Presidente paquistanês, Pervez Musharraf, a "Time" explica que o encontro da "elite do terrorismo" reuniu alguns dos homens que nas últimas semanas foram detidos, como o indiano Abu Issa al-Hindi, preso no Reino Unido, ou o paquistanês-americano Mohammed Junaid Babar, capturado em Abril em Queens, Nova Iorque.
"As personalidades envolvidas, as operações, o facto de um perito em explosivos ter vindo e ter voltado, tudo isto é extremamente significativo", sublinhou o Presidente paquistanês, enquanto outra fonte citada pela revista descrevia o encontro como "a reunião de um grupo de assassinos a sangue-frio, com muita experiência no que fazem e um desejo intenso de infligir muita dor e sofrimento à América".
Tanto Al-Hindi como Babar fazem parte daquilo que Musharraf descreve como a "segunda linha" de líderes da Al-Qaeda. Babar, por exemplo, estaria encarregue dos abastecimentos e terá chegado às zonas tribais do Waziristão Sul, onde decorreu o encontro, com dinheiro, sacos-cama, ponchos, meias à prova de água e outro material para os combatentes que vivem nas montanhas junto à fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão.
"É uma espécie de Elvis"
Mas as preocupações das autoridades, quer americanas quer paquistanesas, estão concentradas numa terceira figura que terá participado na "cimeira" e que ainda está em liberdade: Adnan el-Shukrijumah, que a "Time" identifica como sendo um árabe, nascido na Guiana, e também um piloto comercial com conhecimentos sobre o fabrico de bombas.
Filho de um imã de nacionalidade saudita-iemenita, Shukrijumah foi criado na Florida, onde o pai pregava a linha dura do wahabbismo saudita numa pequena mesquita. Estudou informática nos EUA, tem passaportes da Guiana e de Trinidad (e possivelmente também do Canadá e Arábia Saudita) e fala perfeitamente inglês.
Em Maio, o FBI lançou um aviso em relação a Shukrijumah, identificando-o como um dos cinco terroristas mais perigosos da Al-Qaeda, e não hesitando em considerar que ele poderia ser "o próximo Mohammed Atta", referindo-se ao mais conhecido dos piratas do ar suicidas que executaram os atentados de 11 de Setembro.
Apesar da família - que diz nunca mais o ter visto desde alguns meses antes do 11 de Setembro - garantir que ele não está ligado ao terrorismo e que vive em Marrocos com a mulher e um filho pequeno, os investigadores consideram que há demasiadas coincidências suspeitas. Ele vivia perto ou frequentou alguns dos locais frequentados por outros suspeitos de terrorismo.
Desde o aviso público, o FBI não tem deixado de receber informações sobre o suposto paradeiro de Shukrijumah. "É uma espécie de Elvis", disse um responsável dos serviços secretos, "aparece em todo o lado", desde as Cataratas do Niagara até às Honduras.
O porta-voz militar paquistanês general Shaukat Sultan negou, entretanto, veementemente que uma "cimeira de terroristas" se tenha realizado no país em Março. "Essa história foi ficcionada", disse à Reuters. O que, segundo o general Sultan, Musharraf terá contado à "Time" foi que houve um encontro "discreto" na cidade de Lahore, entre o informático Mohammad Naeem Noor Khan, entretanto capturado, e Musa al-Hindi, preso no Reino Unido. Ainda segundo o porta-voz militar, Khan encontrou-se também com um perito em armas, que poderia ser Adnan el-Shukrijumah.
O ministro do Interior do Paquistão, Faisal Saleh Hayat, confirmou que a região de Shakai, no Waziristão Sul, foi até Junho uma "base de operações", onde os militantes poderão ter discutido planos, mas não confirmou a existência de uma "cimeira" como a descrita pela "Time".